
Importante dizer que antes de chegar em Cordisburgo (terra natal de Guimarães Rosa) eu não tinha noção da influência e do significado do romancista para toda aquela região.
Não sabia, por exemplo, que Guimarães Rosa tinha feito uma viagem a cavalo, junto a uma tropa de vaqueiros, saindo do município de Três Marias para Araçaí. E muito menos que os lugares citados em Grande Sertão: Veredas existiam de verdade. Pensava que o autor, simplesmente, tinha situado a história do romance em um espaço e inventado as localidades referentes. Não tinha idéia de que os lugares estavam aí para confirmar .
Deste modo, quando planejei o percurso da viagem, inventei um caminho que pudesse me levar para o noroeste de Minas. Queria andar pela região que inspirou a narrativa, e não esperava de modo algum encontrar os lugares citados no livro.
Meu plano era sair de Belo Horizonte e ir em direção ao Rio São Francisco, de onde seguiria margeando-o até a cidade de Januária. Tomaria o sentido oeste deste ponto indo para a cidade de Chapada Gaúcha, e depois continuaria até chegar ao estado de Goiás. Visitaria Goiás Velho e, finalmente, chegaria em Goiânia, onde daria por encerrada a aventura.
Mas tão logo a travessia começou, percebi que ela se moldaria conforme as experiências e informações obtidas pelo caminho.
E foi assim que, depois de chegar em Araçaí, meu destino foi rumar para Cordisburgo e lá descobrir que o grande sertão não é a pura invenção de um bom contador de histórias, mas um mundo real extraído da vida de povos: cultura.
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