Sertão é por os campos gerais a fora e a dentro,
eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucuia...
Lugar sertão se divulga: é onde os pastos
carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas,
sem topar com casa de morador...


Sertão é o sozinho(...)Sertão: é dentro da gente.



sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Da benevolência

Me apraz é que o pessoal, hoje em dia, é bom de coração. Isto é, bom no trivial. Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não era assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente...Eu já estou velho

Em Barra do Rio de Janeiro, com Nem, D. Liquinha, João Lúcio, Luís Gustavo e Maurício


Acabou.
A viagem foi concluída.
Em minha memória,
pessoas e paisagens;
o amor pelas coisas simples e
por aquela gente tão rica de liberdade e terra...
Que pobre tem família, fogão, o silêncio da vida vegetal, o tempo do sol
e da casa.


Ah, como eu era pequena diante deles!
Como eu não tinha nada!
E como eu gostei de ser filha daqueles que me recebiam com afeto gratuito!

Alimentaram-me,
Deram-me água, cama,
horas de prosa e honrarias.

Fui cuidada por quem nunca me viu na vida.
Gente amiga, sem medo ou desconfiança,
com sorriso e dom.

O mundo está repleto de amor,
de satisfação e paz.
Eu vi isso. Existe.

Pedalei, pedalei
e a bicicleta, pela minha força, levou-me para lugares onde os turistas não vão.
Onde não há o dinheiro como motivo
e passear não é um negócio.

Estive com homens e mulheres de pouco ganho,
gente do passado, de memória rural e hábito artesanal.
(Para eles o computador e a internet nunca farão falta)

A vida está no em torno.
Ali é o mundo.

Há riachinhos de água limpa.
O espaço é do homem e do animal.

Dar comida é obrigação nas casas em que passei.
E que gesto benevolente este!
Acolhedor, sincero.
Senti como se absolvessem-me de todos os pecados.
Fui amada como uma criança indefesa e agradeci.
Fugi de casa e não sofri pena alguma.
Ao contrário, me protegeram na estrada.
Ganhei mães, pais e irmãos pelo caminho.



Na segunda foto: Seu Geraldo e André à esquerda, e um amigo de S. Geraldo. Além do Golden, Jimmi. Três Marias (MG)
Terceira: Irani preparando rosquinhas de polvilho. Café da tarde em Paredão de Minas (MG)

3 comentários:

  1. Das palavras, o verbo se utiliza...
    Da simpatia, o espírito se encarrega...
    O sorriso abre portas, o ânimo destrava cancelas, a sinceridade ganha as confianças, o coração desperta amores...
    Por fim, a humildade produz tudo isso que você conquistou. Parabéns menina..!

    ResponderExcluir
  2. Gosto de suas palavras. Obrigada pelo carinho.

    Ps. Gostaria de conhecê-lo.

    ResponderExcluir
  3. Ana Luísa,

    Hoje cedo mandei um e-mail para você, explicando o porquê fui parar em seu blogue, justamente porque falavam do Velho Chico. Em minha mensagem, convidava você a me visitar:

    http://trilhascompoesia.blogspot.com/

    Quem gosta de mim, até diz que sou poeta; quem não gosta, informa que sou metido...

    Poeta ou metido, faço o que gosto: pedalar e escrever, não necessariamente nessa ordem.

    Meu e-mail é: pboblitz@gmail.com

    Escreva, até porque fiz algumas perguntas para você.

    Devorei suas postagens aqui nesse blogue, mas vi que você tem mais dois; depois os visitarei.

    ResponderExcluir