Sertão é por os campos gerais a fora e a dentro,
eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucuia...
Lugar sertão se divulga: é onde os pastos
carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas,
sem topar com casa de morador...


Sertão é o sozinho(...)Sertão: é dentro da gente.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

"As pessoas não morrem, ficam encantadas."



João Guimarães Rosa, nascido a 27 de junho de 1908 na pequena cidade de Cordisburgo (MG), começou a vida com palavras. Quando menino já sabia francês e alemão. Depois aprendeu muitas outras línguas; por gosto e distração, segundo ele.
Poliglota por prazer e "sertanejo" por destino, Guimarães Rosa escrevia enquanto cursava medicina em Belo Horizonte. Formou-se e foi exercer a profissão no interior de Minas, onde conheceu vaqueiros, jagunços e toda qualidade de gente que habitava os gerais daquela primeira metade de século. Após alguns anos como médico, e ciente de que a medicina não era sua vocação, Guimarães Rosa decide por tentar o concurso do Itamarati, no qual é aprovado e logo nomeado para Consul, indo viver na Europa.
Neste ínterim, o então diplomata já tinha contos premiados e um livro publicado: Sagarana; na época, já reconhecido como um dos livros mais importantes da literatura brasileira contemporânea.
Após longos anos na Europa e já ocupando o cargo de Ministro de Primeira Classe (título correspondente a Embaixador), Guimarães Rosa retorna ao Brasil e realiza algumas pequenas excursões pelo interior. Sem jamais deixar de fazer suas pesquisas de campo, anotando tudo o que via e ouvia, nos anos seguintes o autor lançaria outros dois livros: Corpo de Baile, uma compilação de novelas, e Grande Sertão: Veredas; este, por certo, seu livro mais famoso.
Com um estilo único e inovador, a literatura regionalista de Guimarães Rosa, composta tanto da linguagem sertaneja como de neologismos criados por ele, abordando temas universais, tornariam-no um dos maiores expoentes da literatura brasileira moderna; o que culminaria, necessariamente, na sua indicação para a Academia Brasileira de Letras.
Três dias após ter assumido sua cadeira na Academia, o escritor, que já vinha apresentando problemas de saúde decorrentes do tabagismo, vem a falecer, aos 59 anos, vítima de um ataque cardíaco.
Homem de crenças e sensibilidade que "encantou-se", mas não sem antes tornar encantada as terras esquecidas do interior, revelando ao mundo a riqueza dos Gerais.

Bibliografia:
- Magma (1936), poemas. Não chegou a publicá-los.
- Sagarana (1946), contos e novelas regionalistas. Livro de estréia.
- Com o vaqueiro Mariano (1947)
- Corpo de Baile (1956), novelas. (Atualmente publicado em três partes:
- Manuelzão e Miguilim,
- No Urubuquaquá, no Pinhém e
- Noites do sertão.)
- Grande Sertão: Veredas (1956), romance.
- Primeiras estórias (1962), contos.
- Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos.
- Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma.
- Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma.

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