tag:blogger.com,1999:blog-28971419997624270932024-02-20T03:12:46.939-08:00NonadaMemória de cicloviagem por Minas e Goiás.
Pesquisa de paisagens e circuitos poético-literários.Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.comBlogger86125tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-33446539744638660172013-03-02T15:42:00.000-08:002014-06-16T07:07:51.962-07:0023/05 – "No mato, o medo da gente se sai ao inteiro, um medo propositado".<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i><span lang="PT-BR">O Paredão existe lá.
Senhor vá, senhor veja. É um arraial. Hoje ninguém mora mais. As casas vazias.
Tem até sobrado. Deu capim no telhado da igreja, a gente escuta a qualquer entrar o borbôlo rasgado dos morcegos. Bicho
que guarda muitos frios no corpo. Boi vem do campo, se esfrega naquelas
paredes. Deitam. Malham. De noitinha, os morcegos pegam a recobrir os bois com
lencinhos pretos. Rendas pretas defunteiras.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Eu ia para
o Paredão. Rômulo informou que seriam 94km até lá, sendo apenas vinte pelo
asfalto. Apesar das observações sobre as onças - “elas costumam seguir a presa
por horas e até dias se estiverem com fome, esperando o momento do descuido ou
do descanso para o ataque” -, aconselhou que eu tomasse cuidado com as cobras, bastante comum na região. E me ensinou uma oração para
afastá-las:<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">“Valha-me, Deus, São Bento.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR">Buraco velho tem cobra dentro.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Deveria
pedir para o santo protetor que as tirasse do meu caminho. E seria ideal também
carregar alguns dentes de alho, pois "o alho também afugenta os
bichos peçonhentos". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Eram sete
da manhã quando deixei a pousada, depois de tomar um farto café da manhã e anotar
as recomendações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMc6L-sZLyhXR2Xx_FX7nYBYiBQ8lx9f00iRdOl41BYUEWUFNBFTeC-1WmxZb6ONhLFITWdOgO4ivZU2VASF1mSf6wodLdU0Qhzrj2hXc9Rv3C4IMRBtcFPLhV04rSXdaMGclBCKARGThN/s1600/304.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMc6L-sZLyhXR2Xx_FX7nYBYiBQ8lx9f00iRdOl41BYUEWUFNBFTeC-1WmxZb6ONhLFITWdOgO4ivZU2VASF1mSf6wodLdU0Qhzrj2hXc9Rv3C4IMRBtcFPLhV04rSXdaMGclBCKARGThN/s320/304.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-size: xx-small;">Elas realmente podem ser encontradas na estrada. Nas duas viagens a Paredão encontrei esta espécie de cobrinha branca. Na última viagem (02/2013), infelizmente, atropelei uma delas. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Sem dúvida,
o caminho para o Paredão fora o mais árduo de toda a viagem, demorei nove horas
para cumprir o trajeto – 10km/h. Neste trecho, pedalei sobre todos os tipos de
pisos possíveis: com pedras, cascalho fino, cascalho grosso, costelinha e areia - muita areia!. Cheguei no povoado com fome e um tanto cansada. A certa altura,
concluí que deveria racionar água, pois a garrafa já estava pela metade e ainda
faltavam 50km para percorrer. Porém, como se fosse providência divina, alguns
minutos depois da constatação, dois pescadores que voltavam de carro do
Paracatu, me forneceram mais um litro de água. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlRV3WUTSJEP0-U9I0Q3hT9Z6uOAZOQhAfY6Whctiskse7QpdkLzbdX3E9TuGVshgzZCv7Kfylv7OG7ZAvtJyq_1va1Lj1LvoiG1LZ1pzZ25KQmT3dlPJ5AsplfzYczY6yp4QqZHgYHKWG/s1600/300.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlRV3WUTSJEP0-U9I0Q3hT9Z6uOAZOQhAfY6Whctiskse7QpdkLzbdX3E9TuGVshgzZCv7Kfylv7OG7ZAvtJyq_1va1Lj1LvoiG1LZ1pzZ25KQmT3dlPJ5AsplfzYczY6yp4QqZHgYHKWG/s320/300.jpg" height="240" width="320" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoHndlgi91z5FUH1yzE642CJMs67WLnj-ZpBtFxiordxiuUY9r7YJrFytAabruhrbMeDRxoSvkDUWI5fK4B1mOuR51phAvAFLJtWDNLSPOrg73V1FPIARcLq1iYZeMioTRtQtxikx6I-uw/s1600/305.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoHndlgi91z5FUH1yzE642CJMs67WLnj-ZpBtFxiordxiuUY9r7YJrFytAabruhrbMeDRxoSvkDUWI5fK4B1mOuR51phAvAFLJtWDNLSPOrg73V1FPIARcLq1iYZeMioTRtQtxikx6I-uw/s320/305.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
Paredão é o
lugar onde ocorre a batalha final de <i>Grande
Sertão: Veredas</i>, onde Diadorim enfrenta cara a cara o caçado inimigo
Hermógenes. É um povoado relativamente isolado, pois está a 90km de
Buritizeiro, de onde é distrito; 60km de Santa Fé (necessitando atravessar o Rio
Paracatu), e aproximadamente 50km de outros povoados nas margens do Paracatu e
do outro lado do Rio do Sono. Atualmente, o transporte até a cidade é
facilitado por um ônibus da prefeitura que faz a linha até quatro vezes na
semana, e por carros e motos de alguns moradores; entretanto, a estrada
principal de acesso a Paredão ainda é ruim, repleta de atoleiros (seja na areia
seca ou molhada) e buracos; exceto um pequeno trecho de não mais que oito
kilômetros possui uma boa cobertura para a rodagem, um cascalho fino chamado de
toá, ou curiacanga. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A viagem estava difícil, ninguém não passava
ali para eu perguntar se estava na direção certa, e não havia nenhuma casa; os
sessenta kilômetros de estrada vicinal eram muito ermos: apareceram somente
dois carros, duas motos e um caminhão num período de aproximadamente seis horas
– mas, felizmente, não era um deserto absoluto. A tensão por estar sozinha em
um lugar desconhecido, tão vazio e habitado por onças e cobras, se acentuava
pelo silêncio e o sol impiedoso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4yXpJEnlPZZjVQWHmS02hl7ySU2zebD0JhBRe_KOh0EUFsKiPZ5D8VOjxk_bPxAPKOXmwWEP83xdnmprKWp-syVbufwpr6vyaNcYw3-FQ-vPMtKma6pIBPbRBleN0jj5xQFxm4_6MFYVV/s1600/309.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4yXpJEnlPZZjVQWHmS02hl7ySU2zebD0JhBRe_KOh0EUFsKiPZ5D8VOjxk_bPxAPKOXmwWEP83xdnmprKWp-syVbufwpr6vyaNcYw3-FQ-vPMtKma6pIBPbRBleN0jj5xQFxm4_6MFYVV/s320/309.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Para vencer
o medo, não tinha nada a fazer exceto repetir a oração a São Bento, respirar e
seguir. Para vencer o sol, protetor solar, mas muito protetor solar (spray),
tanto que caiu nos olhos e isto acabou sendo o único problema real de toda a
viagem. Pelo menos sete kilômetros, pedalei quase sem conseguir enxergar,
chorando. A situação me irritou, e eu gritava, pedalava com raiva, xingava a
mim mesma: Vai, sua idiota; não foi você quem inventou essa viagem? Agora
aguenta! Pedala, sua besta!...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsc_5WS78pWRBVGEKQTQ728YsUBiNqmt0D5w380nFYijXvvYcpR9F-4aeNAmNnb9fhLvR7oZ2AZ9CYP5vm9Z5Ixc8ROgQhyzRXOFBFhzsqd_zQeZb43H6ZiEQTrOpgqGkYylGJ3HWPQDE3/s1600/12+dia+caminho+para+Pared%C3%A3o+(3).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsc_5WS78pWRBVGEKQTQ728YsUBiNqmt0D5w380nFYijXvvYcpR9F-4aeNAmNnb9fhLvR7oZ2AZ9CYP5vm9Z5Ixc8ROgQhyzRXOFBFhzsqd_zQeZb43H6ZiEQTrOpgqGkYylGJ3HWPQDE3/s320/12+dia+caminho+para+Pared%C3%A3o+(3).jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Eram quatro
da tarde quando cheguei em Paredão. Na entrada do povoado, um mata-burro e um
campo de futebol ao lado. Aquele parecia um lugar esquecido no tempo, um elo
perdido da história. Estava feliz de ter encontrado o cenário do desfecho de
<i>Grande Sertão:Veredas.</i> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"> <o:p></o:p></span></div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-55470995601645307292013-03-02T07:29:00.000-08:002013-03-02T07:29:32.977-08:00Reportagens e entrevistas<b>JORNAL DE TRÊS MARIAS (2011)</b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixJro2qoONuZqK2d67wus1Xzmp-AxYoJ-jlbS_51oyl8WhHPUK4MfLMLC9ua6m0x9Cpr1fzPKaURcj5vkUBa2Csh_1ZEyG5d2QQxhBp-zG2BEbMR0MfiUMb-NQkJN8A-_5cJHHCXuPwzz2/s1600/jornal+001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixJro2qoONuZqK2d67wus1Xzmp-AxYoJ-jlbS_51oyl8WhHPUK4MfLMLC9ua6m0x9Cpr1fzPKaURcj5vkUBa2Csh_1ZEyG5d2QQxhBp-zG2BEbMR0MfiUMb-NQkJN8A-_5cJHHCXuPwzz2/s320/jornal+001.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
clique na imagem para ampliar</div>
<br />
<b>JORNAL O GLOBO (ON LINE), BLOG DE BIKE (2012)</b><br />
<b><br /></b>
(Obs. As fotos foram removidas da postagem. Para ver a reportagem na íntegra, visite o site no endereço abaixo)<br />
<span style="background-color: white; color: #d05601; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small; line-height: 15pt;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #d05601; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: x-small; line-height: 15pt;">http://oglobo.globo.com/blogs/debike/?a=994&periodo=201203 </span><br />
<br />
<br />
<a href="http://oglobo.globo.com/blogs/debike/" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 16.5pt; line-height: 15pt; text-align: justify;">GrandesVeredas no Dia da Mulher</a><br />
por Luiz Filipe Barboza<br />
<b style="line-height: 15pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></b>
<span style="color: #444444; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><br /><div style="text-align: justify;">
Dia Internacional da Mulher, a melhor homenagem que imaginei à meia-dúzia de quatro ou cinco leitoras fiéis deste blog foi contar aqui a aventura de uma mulher e sua bicicleta. Fã de "Grande Sertão Veredas", livro escrito em 1956 por Guimarães Rosa (para saber mais sobre a obra clique aqui), a paulista Ana Luisa Vasconcelos pegou a bike e resolveu cumprir, na base do pedal, o roteiro do clássico da literatura nacional pelo interior de Minas Gerais e Goiás. Conheceu gente e lugares que remetem à história emocionante de Riobaldo e Diadorim, que muitos anos atrás foi série de TV estrelada por Tony Ramos e Bruna Lombardi. </div>
</span><span style="color: #444444; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A experiência encantadora de Lisa, como eu descobri que os mais chegados do interiorzão de Sampa a chamam, durou 46 dias e rolou no ano passado. É admirável a coragem dessa mulher de 20 e alguns anos, que tem meio jeio de menina, assim como seu espírito desbravador, para se meter sozinha com sua bicicleta por lugares que não conhecia e viver descobertas que devem ter sido mesmo incríveis. Detalhe: a viagem foi a primeira da Ana de bicicleta!</div>
</span><i style="line-height: 15pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></i>
<i style="line-height: 15pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">"A
viagem começou em Belo Horizonte. Tomei um ônibus no Rio, embarquei a bicicleta
e fui para a capital mineira. Como ficaria três dias na cidade antes de partir,
agendei uma noite em um hostel e contatei amigos que pudessem me receber na
cidade. Depois de BH já não tinha nenhum local para pouso previsto. O
planejamento era sempre chegar na localidade definida daquele dia e então
procurar alguma estalagem para passar a noite. Minha única condição era evitar
passar a noite na rua, ou na estrada, pois não levava equipamento para isso,
como barraca. Se no local não houvesse nenhum tipo de infraestrutura hoteleira,
apelava para a boa vontade das pessoas e humildemente pedia pouso na casa delas.
Fiz isso três vezes, e outras quatro fui convidada por elas."</span></span><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span></i><br />
<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt; text-align: justify;"><br /></span></div>
<span style="color: #444444; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">São tantos relatos da Ana que vou dividí-los em mais de um post. Neste, alguns comentários dela. Em próximo post, um bate-papo mais detalhado sobre a viagem e o roteiro. </span><br /><br /><i><span style="color: #b45f06; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Houve vários momentos inesquecíveis durante a viagem. A cada parada, uma novidade tornava a aventura mais feliz, mais fundamental para o que eu estava buscando – até os medos eram fundamentais para caracterizar o Sertão que eu perseguia. Acho que a melhor lembrança é na verdade saber que realizei de fato esta viagem, que tudo foi real e como diz Riobaldo, personagem central do livro: 'O senhor vá lá, verá. Os lugares sempre estão aí em si, para confirmar."</span></i><br /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in;">
<span lang="PT-BR"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="color: #444444; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Como surgiu a ideia do roteiro:</span></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<i style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-size: 10.5pt;"><br /></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">"Sempre
tive um grande apreço pelo estado de Minas Gerais, pela paisagem mineira, o
acervo arquitetônico do período colonial e as vastidões do interior. Em 2010,
li Grande Sertão: Veredas e fiquei mais encantada ainda para conhecer melhor
Minas. Quando resolvi que viajaria de bicicleta, pensei primeiro em fazer o
caminho das cidades históricas, utilizando a Estrada Real como rota, mas mudei
os planos quando encarei que viajaria sem prazo para voltar. Então decidi por
um trajeto mais longo, que me levaria a conhecer as paisagens e lugares de
Grande Sertão: Veredas. De certo, o que eu queria mesmo era me perder em vazios
poéticos. E não poderia haver veículo mais apropriado para entrar no espaço e
no tempo de Guimarães Rosa do que a bicicleta" </span></span></i></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<a href="http://oglobo.globo.com/blogs/debike/posts/2012/03/09/grandes-veredas-detalhes-da-aventura-parte-ii-435202.asp" style="background-color: transparent; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 16.5pt; line-height: 15pt;">Grandes Veredas - detalhes da
aventura (parte II)</a></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><br /></span></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Ontem
comecei a contar aqui a viagem de bicicleta que a </span><strong style="background-color: transparent; line-height: 15pt;"><span style="background-color: #b45f06;"><span lang="PT-BR" style="color: white; font-size: 10.5pt;">Ana Luisa Vasconcelo</span><span lang="PT-BR" style="color: white; font-size: 10.5pt;">s</span></span><span lang="PT-BR" style="color: white; font-size: 10.5pt;"> </span></strong><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">fez pelos caminhos do clássico </span><strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="background-color: #ff6600; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; color: white; font-size: 10.5pt;">Grande Sertão: Veredas </span></strong><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">, percorrendo o interior de Minas Gerais pela trilha
que leva à história dos heróis de Guimarães Rosa Riobaldo e Diadorim (</span><span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><a href="http://oglobo.globo.com/blogs/debike/#435201" target="_blank"><span lang="PT-BR" style="color: #d05601; mso-ansi-language: PT-BR; text-decoration: none; text-underline: none;">veja a parte I</span></a></span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">). No post da parte III, o epílogo, que será amanhã,
vou mostrar um monte de fotos das paisagens incríveis que nossa aventureira Ana
registrou. </span></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Ana ficou 46 dias em companhia da bike e das pessoas
que ia conhecendo pela jornada. Foi a primeia viagem dela em bicicleta. Foi
meio assim: um dia a Ana acordou com vontade de viver uma aventura de pedal e
duas rodas. Procurou a consultoria de um amigo ciclista para se equipar e
foi à luta. Guerreira, ela. </span></div>
<div style="color: #444444; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">A gente bateu um papo sobre tudo o que rolou por lá.
Mais abaixo no post, o roteiro da Ana.</span></div>
</span><br />
<div style="background-color: white; margin: 0in 7.5pt 12pt 0in;">
</div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></strong></div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Como surgiu a ideia da viagem?</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
<em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Desde minha adolescência, quando
costumava fazer pequenos circuitos de bicicleta, na cidade de São José do Rio
Pardo (SP), onde nasci, surgiu a ideia de viajar com esse veículo. Pelo hábito,
percebi que era possível empreender grandes distâncias sobre a bike. Guardei o
desejo e um dia, entediada com a vida, resolvi que era a hora de colocar em
prática o sonho.</span></span><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></em></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Por que escolheu o
roteiro de Grande Sertão: Veredas?</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Parece que Minas guarda mistérios,
segredos de todos nós escondidos no silêncio das veredas. Quando resolvi que
viajaria de bicicleta, pensei primeiro em fazer o caminho das cidades
históricas, utilizando a Estrada Real como rota, mas mudei os planos quando
encarei que viajaria sem prazo para voltar. Então decidi por um trajeto mais
longo, que me levaria a conhecer as paisagens e lugares de Grande Sertão:
Veredas. De certo, o que eu queria mesmo era me perder em vazios poéticos. E
não poderia haver veículo mais apropriado para entrar no espaço e no tempo de
Guimarães Rosa do que a bicicleta.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><br />
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in; text-align: center;">
<b><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_8"
o:spid="_x0000_i1040" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_931-17paraRiachinho.jpg"
style='width:300pt;height:225pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image009.jpg"
o:title="426_931-17paraRiachinho"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span></b><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in;">
</div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Você teve alguma
preparação especial? Alimentação e preparação física antes da viagem mudaram?</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
<em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Na verdade não encarei nenhuma
disciplina séria antes de viajar. Somente procurei realizar um</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><i><div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<i style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><em><span style="color: #b45f06;">percurso de quase 100
km antes para ver como me sairia, afinal nunca tinha pedalado distâncias
acima de 50 km de uma só vez, e aumentei a frequência de pedaladas em
terreno de aclives, como Paineiras, Alto da Boa Vista e Sumaré, para ganhar mais
resistência. Alimentação e preparação física não mudaram. Tive consultoria
especial de Roberto M. Dias, da Pedal 2, que além de me levar para conhecer os
roteiros clássicos de treinamento no Rio e de me orientar sobre a atividade de
cicloturismo, montou a bicicleta, deu um cursinho rápido de mecânica básica,
ajudou a pensar o trajeto da viagem e foi meu principal contato durante toda a
aventura. A indicação da Pedal 2 veio de Antônio Olinto Ferreira, brasileiro
que já deu a volta ao mundo em bicicleta e é uma das pessoas mais ativas no
cenário do cicloturismo nacional. </span></em></span></i></div>
<span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</span></i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Teve alguma preocupação
específica? E segurança, local para dormir ou coisa assim?</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">O planejamento era sempre chegar na
localidade definida daquele dia e então procurar alguma estalagem para passar a
noite. Minha única condição era evitar passar a noite na rua, ou na estrada,
pois não levava equipamento para isso, como barraca. Se no local não houvesse
nenhum tipo de infraestrutura hoteleira, apelava para a boa vontade das pessoas
e humildemente pedia pouso na casa delas. Fiz isso três vezes, e outras quatro
fui convidada por elas.</span></span></em></div>
</em><br />
<div style="background-color: white; margin: 0in 7.5pt 12pt 0in;">
</div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></strong></div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">E segurança?</span></strong></div>
<em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Era a minha maior preoupação. Imaginava
que pudesse sofrer algum tipo de violência na estrada, me apavorava a idéia de
violência sexual, então comprei um spray de cola e um canivete (o de pimenta
está proibido), que usaria caso me sentisse ameaçada. Levava os objetos em
local de fácil acesso e quando não me sentia segura deixava-os nos bolsos da
camiseta (usava camisetas dry fit de ciclismo para pedalar). Em certas
ocasiões, deixava o canivete debaixo do travesseiro na hora de dormir. Mas,
felizmente, não tive que usar nada, não houve sequer uma situação onde tenha
sido ameaçada ou desrespeitada. Ao contrário do que imaginava, me trataram
sempre muito bem na estrada. </span></span></em></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Como é sua bike? Que acessórios você tem
nela e o que acrescentou para a viagem?</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Minha bike foi montada considerando o
fim para o qual seria usada e o melhor custo benefício. O quadro escolhido sob
medida é da Canadian, modelo montain bike, a relação toda Shimmano,
24velocidades, pneus slik, aros duplos com raiação inox. Como acessório,
somente leva um bagageiro reforçado de alumínio, caramanhola e velocímetro. </span></span></em><em style="line-height: 15pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Não
acrescentei nada específico para esta viagem.</span></span><span style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"> </span></em></div>
</em><br />
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in; text-align: center;">
<b><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_9"
o:spid="_x0000_i1039" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_942-abike.jpg"
style='width:300pt;height:225pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image011.jpg"
o:title="426_942-abike"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span></b><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="lft" style="background-color: white; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in;">
</div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Qual foi o momento
mais feliz da viagem? </span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
<span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Não dá para fazer este tipo de
mensuração. Pois houve vários momentos felizes por diferentes</span><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><span style="color: #b45f06;">motivos e outros tensos, também por diferentes motivos. Cordisburgo foi lindo
pela visita ao museu Guimarães Rosa e à Gruta de Maquiné. Também foi uma
grande felicidade chegar em Curvelo, pois alguns homens me amedrontaram dizendo
que a estrada para lá era perigosa, cheia de bandidos e era tarde quando
comecei a pedalar para lá. Em Morro da Garça me senti como personagem do Sítio
do Pica Pau Amarelo, tal era o aspecto da casa onde me hospedei e o clima da
cidade, uma delícia. Penso que os momentos mais felizes foram aqueles em que
estive com o pessoal mais rústico e nos lugares que pareciam mais distantes da
civilização. Buscava algum tipo de passado, de esquecimento, e em lugares como
Barra do Rio de Janeiro, Paredão de Minas e Rio do Ouro, entre os municípios de
Arinos e Chapada Gaúcha, encontrei este clima arqueológico. </span></span></div>
</span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">E o mais tenso?</strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Foi sem dúvida entre Buritizeiro e Santa
Fé de Minas. Depois de Três Marias as distâncias entre as localidades aumentam
muito e não conseguia encontrar nada numa distância de 50km ou um pouco mais.
Como estre trecho fora quase todo feito em estrada de terra, após alguns
quilômetros pelo cerrado fechado e pouco ou nenhum habitante por perto, o medo
começava a agir tornando a viagem mais cansativa. Depois de Santa Fé, evitei
pedalar por terra até Urucuia, pois me sentia estressada para enfrentar o vazio
dos caminhos rurais. </span></span></em></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">O que foi mais difícil?</span></strong></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Pedalar em solo extremamente arenoso. A
cada nova estrada com bancos de areia não acreditava que aquilo não pudesse
acabar. Mantinha minha esperança que aquelas condições eram passageiras e que
no próximo trajeto tudo melhoraria, mas que nada, conforme rumava para o norte,
mais era alertada de que a quantidade de areia das estradas aumentaria. </span></span></em></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Como reagiam à sua
presença?</strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">As pessoas que me conheciam, em geral,
me tratavam com muita cordialidade, e percebi que o que mais chamava-lhes
atenção sobre mim era eu estar fazendo aquela viagem sozinha. Mais do que a
surpresa de ser uma viajante de bicicleta, o que intrigava as pessoas era
imaginar que eu me metia em estradas – que elas medravam – sozinha.
Valorizavam-me por acharem aquela uma atitude muito corajosa. Muitos pensavam
que ganhava um bom dinheiro para fazer a viagem, pois não entendiam o motivo da
iniciativa.</span></span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></i></span></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">O que a viagem proporcionou? </span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Sem dúvida o melhor da viagem foi a
experiência de liberdade. Penso que sentir-se livre é sentir-se capaz de
realizar coisas, de tomar decisões, de agir, algo relacionado diretamente com a
autoestima. Nunca me senti tão feliz e viva antes disso. Coragem e força é o
que obtive desta viagem. Descobri uma resistência que não sabia que tinha, e o
prazer de estar entre desconhecidos – o prazer de ser sem raíz. Mais do que
isso aprendi que há muito amor neste mundo, e que não há melhor moeda que a
atenção e a simpatia. </span></span></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Como era para se
alimentar ou cuidar da higiene pessoal e das necessidades básicas?</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
</em><br />
<div class="lft" style="background-color: white; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in;">
</div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Sempre levava algum alimento nos
alforges. Quando não era possível almoçar porque ainda estava na estrada e em
lugar ermo eram meus biscoitinhos e frutas que me salvavam até encontrar algum
ponto de parada. Em duas ocasiões, pedi comida em fazendas. Com relação a
higiene e necessidades básicas, resolvia nos locais de pouso. Roupa íntima
lavava no chuveiro e peças maiores foram lavadas em pousadas com estrutura.</span></span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></span></div>
<span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Você pretende fazer
outro passeio deste tipo?</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Sim. Gostei da experiência de atrelar
literatura ao cicloturismo. Penso em percorrer os sertões de Euclides da Cunha
e pesquisar ainda outros autores cujas obras abordam o espaço geográfico como
Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, João de Minas, entre outros. </span></span></em></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Como é a sua relação com a sua bike?
Mudou depois da viagem?</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></span></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">A bike é meu veículo para tudo e de toda
hora. De tanto usar bicicleta, hoje quando viajo de ônibus ou carro sinto
mal-estar. Isso não acontecia antes de assumir a bicicleta como meio de
transporte. Considero a bicicleta uma das melhores invenções humanas, um objeto
incrível. Para mim é um símbolo de humildade, força, respeito e amizade. Depois
da viagem, me apeguei mais a ela, vendo-a como a companheira para todos os
momentos.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</span><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O ROTEIRO DA ANA E COMENTÁRIOS DELA</span></strong></div>
</strong><br />
<div class="lft" style="background-color: white; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in;">
</div>
<div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Dia 1 - Araçaí</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
<span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Dia 2 -
Cordisburgo e Curvelo</strong></div>
</strong></span><span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Cordisburgo é a cidade onde nasceu
Guimarães Rosa, visita ao museu (onde fora sua casa) e ouvir contos do autor
contados pelos guias do museu - os chamados Miguilins (crianças treinadas para
orientar a visita)</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></div>
</em><i style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<i style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><em>Gruta de Maquiné </em></span></i></div>
</i></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">3 - Diamantina </strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Fui de ônibus. Acontecia a
Vesperata no dia em que passei lá. Evento musical que ocorre um sábado por mês
nas ruas do centro da cidade.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">4 - Curvelo e Morro da
Garça</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">5- Buritizinho/ Três
Marias </strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Encontro com Diego (garoto que conheci
em Buritizinho - povoado entre Morro da Garça e Três Marias - que, dizendo-se
preocupado com minha viagem, me seguiu de moto até Três Marias e depois de me
encontrar na rua quase dez horas da noite na cidade, pediu para que eu fosse
tomar uma coca-cola com ele).</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">6 - Três Marias </span></strong></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Passeio pela cidade com André (filho de
seu Geraldo que me conheceu quando cheguei na cidade e perguntava por hotel, e
me convidou para me hospedar em sua casa) depois corte de cabelo em evento
organizado pela mãe de André para reciclagem de cabeleireiros. Fui cobaia.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">7 - Andrequicé </strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Visita ao museu Manuelzão. Descoberta de
Barra do Rio de Janeiro como o local onde Riobaldo conhece Diadorim; da viagem
a cavalo de Guimarães Rosa em comitiva da fazenda Silga (Sirga - Três Marias)
até Araçaí. Histórias das fazendas Santa Catarina e vereda São José, próximo à
Buritizinho. Entrevista para o jornal de Três Marias.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">8 - Barra do Rio de Janeiro</span></strong><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"> </span></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Acampamento com João Lúcio e amigos dele
no rancho do Nem. História do encontro de Riobaldo e Diadorim.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">9 - Barra do RJ </strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Visita ao cemitério da Silga onde está
enterrada a mãe e a primeira esposa de Manuelzão.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">10 - Buritizeiro</strong><span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"> </span></div>
</strong>
</span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Trecho mais longo da viagem e onde o
medo (stress) começou a se manifestar com mais força. 130km, aprox. 60km de
terra</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">11 - Barra do Guaicuí</strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Visita à ruína da igreja de 1635 às
margens do rio das Velhas. Caramanhola quebrada e improviso com borracha feita
por seu Edson.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">12 - Paredão </strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Local onde acontece a batalha final de o
Grande Sertão, Diadorim e Hermógenes morrem.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><i><div style="line-height: 15pt; text-align: justify;">
<i style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;"><em>Missa com seu Sidraque e
Padre Lindomar. Rosquinhas na casa de Dona Irani. Histórias de seu marido de
quando houve a gravação da minissérie da Globo no local (frutas desconhecidas,
e peixe para Tarcísio Meira). Caminho difícil até Paredão. 90km, aprox. 70km de
terra.</em><span class="apple-converted-space"> </span></span></span></i></div>
<span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</span></i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">13 - Paredão</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
</strong><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">14 - Santa Fé</strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Cansaço, medo e resistência.</span></span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></i></span></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">15 - Brasilândia </span></strong></div>
</strong><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Crianças: minhas companhias na cidade e
guias de turismo. Entrevista para o Jornal de João Pinheiro. Local de
nascimento de Riobaldo.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">16 - Brasilândia</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong><b><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">17 - Riachinho</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"> </span></b></div>
</strong>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">18 - Sagarana </strong></b></div>
</strong>
</b></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Ter que pedir pouso em casa de família.
Conversa com vereador e suplente de vereador. </span></span></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Em
Grande Sertão: Sagarana se chamava Boi Preto e era fazenda de um tal Eleotério
Lopes. Hoje é distrito de Arinos.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">19 - Urucuia</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong><b><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">20 - Arinos</strong></b></div>
</strong>
</b></span><span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Arinos chamava-se
Barra da Vaca e Urucuia, Porto de Manga. Urucuia pertencia ao município de São
Francisco e Arinos primeiramente ao município de Paracatu, depois a São Romão.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></div>
</em><i style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<i style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><em>Ainda em Arinos: a família
de Durval (que me acolheu e me encheu de boas histórias verídicas), a presença
na padaria: o melhor pão do Centro-Oeste (Itamar Ribas, irmão de Durval, ganhou
o prêmio de melhor receita de panificação do Centro-Oeste com seu pão de
tamarindo, que eu provei e aprovei - muito bom mesmo! O mesmo também ganhou
segundo lugar na competição nacional com a receita do pão de baru, semente do
cerrado)</em><span class="apple-converted-space"> </span></span></i></div>
</i></span><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">21 - Chapada Gaúcha</strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Caminho até Rio do Ouro, família de seu
Caetano no meio do nada. O "Texas" (fazenda de soja logo próximo a
Rio do Ouro). Contrastes. Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Seu Samu (com
sua esposa, os últimos moradores do parque). Histórias de onça e sucuri.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><i><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ff6600; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
</i><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">22 - Chapada Gaúcha</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><b><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></b></span></div>
</strong><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">23 - Arinos</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong><b><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">24 - Buritis</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"> </span></b></div>
</strong>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">25 - Buritis </strong></b></div>
</strong>
</b></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Cachoeira da Barriguda e encontro com
famílias de assentados. Pedalando na correria para chegar em Buritis antes do
anoitecer. Trecho de terra no escuro.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">26 - Cabeceiras de Goiás</strong></div>
</strong></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Histórias de caminhoneiros e de fantasma
(povoado de Vila Serrana - antes de chegar em Cabeceiras). D. Eleniza: o culto
evangélico a que tive de ir.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">27 - Formosa</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"> </span></div>
</strong>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">28 - Pernoite em Goiânia</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong><b><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">29 - Goiás Velho</strong></b></div>
</strong>
</b></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;">Trabalho na pousada do Carioca, festival
de cinema (FICA) e visita ao museu Cora Coralina. Fiquei onze dias lá.</span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"> </span></i></span></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">39 - Itaguarí</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong><b><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">40 - Pirenópolis </strong></b></div>
</strong>
</b></span><em style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<em style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt;"><span style="color: #b45f06;">Encontro com Bruno, ciclista
profissional de Brasília que me convida para ficar em sua casa. Corpus Christi
e Cavalhada.</span></span></em><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><i><span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></i></span></div>
</em><span lang="PT-BR"><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">41 - Pirenópolis</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><b> </b></span></div>
</strong><b><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<strong style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<b><strong style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">42 - Aparecida de
Loiola: fogueira, pipoca e quentão; mais festa de aniversário.</strong><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"> </span></b></div>
</strong>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</b></span><strong style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<strong style="line-height: 15pt;"><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">43 - Brasília: competição estrada de ciclismo. </span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #ff6600; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 16.5pt; line-height: 15pt; text-decoration: none;"><a href="http://oglobo.globo.com/blogs/debike/posts/2012/03/10/grandes-veredas-parte-iii-epilogo-435355.asp" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 15pt;">Grandes Veredas - parte III (epílogo)</a> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">Para encerrar a saga por<span class="apple-converted-space"> </span></span><strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="background: #FF6600; color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Grande Sertão: Veredas</span></strong><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">, a aventura ciclística de </span><strong style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="background: #FF6600; color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Ana Luisa Vasconcelos</span></strong><span class="apple-converted-space" style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">que durou 46 dias e três capítulos no
blog, vejamos neste post fnal as paisagens e os pisos pelas quais
passou nossa desbravadora do sertão mineiro. </span></div>
</strong><br />
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_17"
o:spid="_x0000_i1036" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_939-edit-2-Cordisburgo.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image015.jpg"
o:title="426_939-edit-2-Cordisburgo"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #b45f06;"><span style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 13.5pt;">"Acho que a melhor lembrança é na
verdade saber que realizei de fato esta viagem, que tudo foi real e, como diz
Riobaldo, personagem central do livro, 'O senhor vá lá, verá. Os lugares sempre
estão aí em si, para confirmar'."</span></span><span style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Comic Sans MS';"> </span></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">(</span><span style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;"><a href="http://oglobo.globo.com/blogs/debike/#435201" target="_blank"><span lang="PT-BR" style="color: #d05601; mso-ansi-language: PT-BR; text-decoration: none; text-underline: none;">viaje na parte I da saga</span></a></span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.5pt; line-height: 15pt;">)</span></div>
</span><br />
<div class="cntr" style="background-color: white; margin: 0in 7.5pt 0.0001pt 0in; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<span style="line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 13.5pt;"><span style="color: #b45f06;">"Nunca
me senti tão feliz e viva antes disso. Coragem e força é o que obtive desta
viagem. Descobri uma resistência que não sabia que tinha, e o prazer de estar
entre desconhecidos – o prazer de ser sem raíz".</span></span></span></div>
</span><span style="color: #444444; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 15pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 15pt;">(</span><a href="http://oglobo.globo.com/blogs/debike/#435202" style="font-size: 10pt; line-height: 15pt;" target="_blank"><span style="color: #d05601; text-decoration: none; text-underline: none;">visite a parte II da saga</span></a><span style="font-size: 10pt; line-height: 15pt;">)</span><span class="apple-converted-space" style="font-size: 10pt; line-height: 15pt;"> </span></div>
</span><br />
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_19"
o:spid="_x0000_i1034" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_939-edit-8Barra%20do%20RJ.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image017.jpg"
o:title="426_939-edit-8Barra%20do%20RJ"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_20"
o:spid="_x0000_i1033" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_940-edit-10-Barra%20Guaicu%C3%AD.jpg"
style='width:375pt;height:405pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image018.jpg"
o:title="426_940-edit-10-Barra%20Guaicu%C3%AD"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_21"
o:spid="_x0000_i1032" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_940-edit-10-para%20Buritizeiro.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image020.jpg"
o:title="426_940-edit-10-para%20Buritizeiro"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_22"
o:spid="_x0000_i1031" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_940-edit-13rio%20do%20Sono.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image021.jpg"
o:title="426_940-edit-13rio%20do%20Sono"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_23"
o:spid="_x0000_i1030" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_940-edit-17paraRiachinho.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image022.jpg"
o:title="426_940-edit-17paraRiachinho"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_24"
o:spid="_x0000_i1029" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_940-edit-18paraSagarana.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image023.jpg"
o:title="426_940-edit-18paraSagarana"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_25"
o:spid="_x0000_i1028" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_941-edit-19paraUrucuia.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image024.jpg"
o:title="426_941-edit-19paraUrucuia"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_26"
o:spid="_x0000_i1027" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_941-edit-21paraRiodoOuro.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image025.jpg"
o:title="426_941-edit-21paraRiodoOuro"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_27"
o:spid="_x0000_i1026" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_941-edit-43praAparecidaLoiola.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image005.jpg"
o:title="426_941-edit-43praAparecidaLoiola"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="cntr" style="background-color: white; line-height: 15pt; margin: 0in 7.5pt 7.5pt 0in; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shape id="Picture_x0020_28"
o:spid="_x0000_i1025" type="#_x0000_t75" alt="http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/03/426_941-edit-44praBras%C3%ADlia.jpg"
style='width:375pt;height:281.25pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\User\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image026.jpg"
o:title="426_941-edit-44praBras%C3%ADlia"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><span style="color: #444444; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<b>FOLHA REGIONAL - EM BRASILÂNDIA DE MINAS (2011)</b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dx3aEgQMU0Y0KcGW7bJzLsM2myWTLv2V2-M3dZPUbxG6Tg5srJoglsq6fJOgCvxB8BdfP2YfspzbxQTLxld1Q' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dykIdCE5pt2Ikarj4rgh4eDoh5Prg2uSBczC_p1k6Ikn6KDl5c8ntwrVDSZBqIoGzs5mFw576SaBIIIgfYTwg' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe> </div>
<br />
<span style="font-size: x-small;">(entrevistador: Valdson Rosca)</span><br />
<br />
<br />
<br />
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-87109471451905068072013-01-22T12:40:00.000-08:002013-01-22T13:41:35.920-08:0022/05 - Barra do Guaicui<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif8ZCErGL4jcxzhUVDRai-EKE8wuhTVGPNlHyyDxK69a5PQcIN11O3LXwf62rQrgs7V2AF6hvKUJTyJTOQqHru2G-b_hjI_RIzPyxLpe9LQOnvU-yyEF03qttvLlrB5czqMlpmuWx3DEka/s1600/094.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 15px; line-height: 17px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif8ZCErGL4jcxzhUVDRai-EKE8wuhTVGPNlHyyDxK69a5PQcIN11O3LXwf62rQrgs7V2AF6hvKUJTyJTOQqHru2G-b_hjI_RIzPyxLpe9LQOnvU-yyEF03qttvLlrB5czqMlpmuWx3DEka/s320/094.jpg" width="240" /></a><span lang="PT-BR"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"> </span><span style="font-family: inherit;">No
Guararavacã do Guaicuí, Riobaldo vive dias de descanso ao lado de Diadorim e
reconhece o grande amor pelo amigo:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR"></span><br /></span>
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>Lugar perto da Guararavacã do Guaicuí: Tapera Nhã, nome</i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>que chamava-se. Ali era bom? Sossegava. Mas, tem horas em que</i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>me pergunto: se melhor não seja a gente tivesse de sair nunca do</i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>sertão. Ali era bonito, sim senhor. Não se tinha perigos em vista,</i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>não se carecia de fazer nada. </i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>(...) Dormi, sestas inteiras, por minha vida. Gavião dava gritos, até o dia muito se esquentar. Aí então aquelas fileiras de reses caminhavam para a beira do rio, enchiam a praia, parados, ou refrescavam dentro d’água. Às vezes chegavam a nado até em cima duma ilha comprida, onde o capim era lindo verdejo. O que é de paz, cresce por si: de ouvir boi berrando à forra, me vinha idéia de tudo só ser o passado no futuro. Imaginei esses sonhos. </i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>(...)Dormi, nos ventos. Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo – Deus estável. Ouro e prata que Diadorim aparecia ali, a uns dois passos de mim, me vigiava. </i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>Sério, quieto, feito ele mesmo, só igual a ele mesmo nesta vida. Tinha notado minha idéia de fugir, tinha me rastreado, me encontrado. Não sorriu, não falou nada. Eu também não falei. O calor do dia abrandava. Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a água de todos os rios em seus lugares ensombrados. Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, muita velhice, querendo me contar coisas que a idéia da gente não dá para se entender – e acho que é por isso que a gente morre. De Diadorim ter vindo, e ficar esbarrado ali, esperando meu acordar e me vendo meu dormir, era engraçado, era para se dar feliz risada. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento, feito um decreto: – Que você em sua vida toda por diante, tem de ficar para mim, Riobaldo, pegado em mim, sempre!... – que era como se Diadorim estivesse dizendo. Montamos, viemos voltando. E, digo ao senhor como foi que eu gostava de Diadorim: que foi que, em hora nenhuma, vez nenhuma, eu nunca tive vontade de rir dele.</i></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><i>(...) Aquele lugar, o ar. Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim – de amor mesmo amor, mal encoberto em amizade.</i></span><br />
<br />
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span></span>
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"> </span><span style="font-family: inherit;"> ...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR"><br /></span>
<span lang="PT-BR">Guaicuí
fica a 30km de Buritizeiro e, aproximadamente, 25 de Pirapora. Hoje é uma
cidadezinha muito pacata, mas que no passado fora um importante entreposto
comercial devido à sua localização na foz do Rio das Velhas, um dos mais
importantes afluentes do São Francisco. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"> ...</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;">Desta vez
não saí tão cedo para pedalar pois o trecho a percorrer até lá era curto, além
de completamente plano e asfaltado. Não havia mistérios: bastava voltar à 365 e
seguir no sentido norte. Não demorei mais do que uma hora e meia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: inherit;">Meu
interesse ali era o grande monumento construído por homens e pela natureza na
margem do Rio das Velhas: uma igreja datada de 1635, toda de pedra, feita por
escravos, não concluída e sobre a qual, no lugar em que deveria ser a torre,
uma gameleira enorme cresceu dando à igreja um aspecto meio mágico. Eu, que
nunca tinha estado ali e tampouco conhecia o passado da rota do São Francisco,
ficava a imaginar a vida, tocada pela força daquele cenário: via embarcações de madeira descendo e subindo
o rio, sacos de algodão com grãos, peles, sal; barris de querosene,...vozes
gritando na margem, tropeiros, pescadores</span><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"> </span><span style="font-family: inherit;">...Via a brisa que se enroscava nos
galhos da gameleira, a umidade das pedras, o rio manso, o silêncio vegetal das
raízes infiltradas nas ruínas...O tempo antigo vivo de novo. </span><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><br /></span></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">
</span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzBetu2MYhYcJT-zLHLgMwIyYzn6daPnjIg7AcQdnl4U1XpgfGsUqc1rRStnrG0O9vAulRdBxDaql8tANyZ1n-dUVBKZYaRs4UeIh8PDCVrLBPOc6mwY9ufp0rHtaga6EcYS3-GYACUWMD/s1600/098.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzBetu2MYhYcJT-zLHLgMwIyYzn6daPnjIg7AcQdnl4U1XpgfGsUqc1rRStnrG0O9vAulRdBxDaql8tANyZ1n-dUVBKZYaRs4UeIh8PDCVrLBPOc6mwY9ufp0rHtaga6EcYS3-GYACUWMD/s320/098.jpg" width="320" /></a></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">
</span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">
</span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixFTHc8_5jOdjEOWug4Xa-ncQmrwNSGoQNxDoZiIu2S21I_a07PbwVNS6mWJiHTZ9lp_O9WWMft_oy6t0mIMJorBzz3vkgv5hQhMdwOTauOCpl7yU7BvXklcT2BS6BPDUZnNTiCc16o15U/s1600/090.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixFTHc8_5jOdjEOWug4Xa-ncQmrwNSGoQNxDoZiIu2S21I_a07PbwVNS6mWJiHTZ9lp_O9WWMft_oy6t0mIMJorBzz3vkgv5hQhMdwOTauOCpl7yU7BvXklcT2BS6BPDUZnNTiCc16o15U/s320/090.jpg" width="320" /></a></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;">
<br />
<span style="font-size: 11pt; line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Cheguei
de Guaicuí por volta de três da tarde. O dia terminou na mesa, com o
tradicional café com queijo mineiro, na companhia de Rômulo, Edna e simpáticos
amigos do casal, que me presentearam com uma lanterna – cinética – e um
isqueiro, provisões necessárias para meu tipo de viagem as quais havia esquecido de levar. </span><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"> </span></span></span>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-10840905160986424192013-01-22T12:23:00.000-08:002013-01-22T12:23:48.403-08:00PiraporaA cidade que cresceu com a navegação a vapor e a chegada da estrada de ferro Central do Brasil também é uma cidade que pedala. Bicicleta é o meio de transporte mais popular da cidade.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioSLkFwEB7AXw4PXiZUKbvpOaJ8TGbWhUKyE0sBL1-YhKAh1huFZzsD65TWD_RMOxT-HcNgm6kBs0wmo6Dkg2DLgYAqoUuY4klw2Fx0CUwvkj_3pt99sgQLIKEELbqvObBsieTMXw34dYX/s1600/089.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioSLkFwEB7AXw4PXiZUKbvpOaJ8TGbWhUKyE0sBL1-YhKAh1huFZzsD65TWD_RMOxT-HcNgm6kBs0wmo6Dkg2DLgYAqoUuY4klw2Fx0CUwvkj_3pt99sgQLIKEELbqvObBsieTMXw34dYX/s320/089.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Ponte Velha: passarela somente para bicicletas. Pirapora - MG. 2011</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOQop862wmQJ__v8kQhgd_Pja4hT_haUPVIWIyk-srE2VME1be6JIKWwxjfd__59I9iN28gg_hfqCrBhlG47IFkbNBkiksG4HTVBv6B1Ys5RoxsRTT3PLJoVyfpAzWngA9DJmPk8L1LbIw/s1600/barco_a_vapor_benjamin_guimaraes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOQop862wmQJ__v8kQhgd_Pja4hT_haUPVIWIyk-srE2VME1be6JIKWwxjfd__59I9iN28gg_hfqCrBhlG47IFkbNBkiksG4HTVBv6B1Ys5RoxsRTT3PLJoVyfpAzWngA9DJmPk8L1LbIw/s320/barco_a_vapor_benjamin_guimaraes.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Benjamim Guimarães: barco a vapor de passageiros em funcionamento no São Francisco. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7p7INMuMRruUMhSn585ptpTw_MEDbc5Sg6YDb3Vit-ijIN_s4pWJaI1dd-Z1Ih3_6MpYcHqhWdvqJiuDmGY5cc6hcsVzT5qq-UIE_ICSLCQW_Tjmk76jeCUMHoeE50RxTaxOFXerL-7bR/s1600/105.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7p7INMuMRruUMhSn585ptpTw_MEDbc5Sg6YDb3Vit-ijIN_s4pWJaI1dd-Z1Ih3_6MpYcHqhWdvqJiuDmGY5cc6hcsVzT5qq-UIE_ICSLCQW_Tjmk76jeCUMHoeE50RxTaxOFXerL-7bR/s320/105.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Vai no boteco tomar cerveja? Vai de bike. Pirapora - MG. 2011 </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTMaLsc_4eTG-IJVcHKGt8ZsvrdL9J_SCqgXcJID13o7_aHyvPMqihWsgsyuvrcz_6wODZCcSKCvOD_UTOBdwbwQ0XrosD8RKna4qaMDH3JDg5PQsLaEbuVTJ53RwIzWvqqzu9iEv-Tz3L/s1600/Viagem+Grande+Sert%C3%A3o+Veredas+031.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTMaLsc_4eTG-IJVcHKGt8ZsvrdL9J_SCqgXcJID13o7_aHyvPMqihWsgsyuvrcz_6wODZCcSKCvOD_UTOBdwbwQ0XrosD8RKna4qaMDH3JDg5PQsLaEbuVTJ53RwIzWvqqzu9iEv-Tz3L/s320/Viagem+Grande+Sert%C3%A3o+Veredas+031.jpg" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Estrada de Ferro Central do Brasil. Trecho em estrada no município de Araçaí - MG. 2011.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7rJmKmd79PghTlPaO2HuXSUJjVdE_F76AYEvKliaqtzCAxMar3BYkqbMV8MiiiXz6bJDpJmh_95NYhgtIxBkndsZ6z-3fqn2UbflQO-_MC_USgjjJcdRKqd4qFjWkCSR8F_1f07_mr8u-/s1600/Viagem+Grande+Sert%C3%A3o+Veredas+041.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7rJmKmd79PghTlPaO2HuXSUJjVdE_F76AYEvKliaqtzCAxMar3BYkqbMV8MiiiXz6bJDpJmh_95NYhgtIxBkndsZ6z-3fqn2UbflQO-_MC_USgjjJcdRKqd4qFjWkCSR8F_1f07_mr8u-/s320/Viagem+Grande+Sert%C3%A3o+Veredas+041.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Estação da Central do Brasil em Cordisburgo - MG. 2011.</div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-34537582480898211962013-01-22T11:58:00.000-08:002013-01-22T11:58:53.523-08:00Guaicui<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUxGSfhtwJwFj4iKDX3cf7k652CC_6YN7Isfgexj_Objf5ShFLYa4CnEmZi1A5iV0WtBvnuO3nzk6oL2_WqTzr7oRMBvjJA3IQNzCTNllAGeLgg9WZuHDTDlEL33EMhyphenhyphenI7weLZwVbR7mRa/s1600/092.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUxGSfhtwJwFj4iKDX3cf7k652CC_6YN7Isfgexj_Objf5ShFLYa4CnEmZi1A5iV0WtBvnuO3nzk6oL2_WqTzr7oRMBvjJA3IQNzCTNllAGeLgg9WZuHDTDlEL33EMhyphenhyphenI7weLZwVbR7mRa/s320/092.jpg" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Igreja de 1635. Guaicui - MG</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0rrF6oHk4oLNEoFMmziDthvU9BlhHz7ezWOg19pXEPuP9olpU8aEegqhJx1A_oq3WQrirbk2ulrsG3hzX7bXYufy525kxLvixr0RAtXjrVHTdwsrzEfUmEEuthZJdz1mbqWm0xSWd1WpG/s1600/102.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0rrF6oHk4oLNEoFMmziDthvU9BlhHz7ezWOg19pXEPuP9olpU8aEegqhJx1A_oq3WQrirbk2ulrsG3hzX7bXYufy525kxLvixr0RAtXjrVHTdwsrzEfUmEEuthZJdz1mbqWm0xSWd1WpG/s320/102.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
Meninos praticando bicicross. Guaicui - MG, 2011.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9QOpdZ7wWN7kb4aG6zTQB0s5fBQrzj3B2lCcFwEhD654EkmvZ_25uet776Dc65A3vev9Ooi_Pu8_z6vITGW_mVrj2v32lk-_fZpYzqVTd44vtM7N5As70HKHj8Wj-0HqaLDaTPPZ49DQc/s1600/101.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9QOpdZ7wWN7kb4aG6zTQB0s5fBQrzj3B2lCcFwEhD654EkmvZ_25uet776Dc65A3vev9Ooi_Pu8_z6vITGW_mVrj2v32lk-_fZpYzqVTd44vtM7N5As70HKHj8Wj-0HqaLDaTPPZ49DQc/s320/101.jpg" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Seo Edson, que consertou a caramanhola quebrada com pedaço de borracha e a deixou melhor do que antes. Guaicui - MG, 2011.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh05JanrM2UWD-1fsl_QqROcTsqgJOcg22OnXq8Ch1oCagTWiE6IPKRO4JBmRVsqRxyLFbTLpMDHNIPIVnunQ-FDzDrkn-aIysASdCT8wYW4wVGbjR050gYgbk9n_fNJQqgV18OS3C6iwnA/s1600/103.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh05JanrM2UWD-1fsl_QqROcTsqgJOcg22OnXq8Ch1oCagTWiE6IPKRO4JBmRVsqRxyLFbTLpMDHNIPIVnunQ-FDzDrkn-aIysASdCT8wYW4wVGbjR050gYgbk9n_fNJQqgV18OS3C6iwnA/s320/103.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Praça Manuelzão. Guaicui - MG, 2011</div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-89430869934772481212012-12-15T15:10:00.000-08:002012-12-15T15:10:11.128-08:0021/05 - Buritizeiro<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMZB1F0ZZYrNP_8Guom3cVBUweW2KBN59wl6gV5-nmWuHQ7Nw0E4qkB381TGvQx0XzIs5PecNz_dL6oRCoKXVxf6ybHNa_ko9fQf7tez-SN4RCnLwwSJemfTU7fQFB8cmhrJB5Dm3eMoaT/s1600/085.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMZB1F0ZZYrNP_8Guom3cVBUweW2KBN59wl6gV5-nmWuHQ7Nw0E4qkB381TGvQx0XzIs5PecNz_dL6oRCoKXVxf6ybHNa_ko9fQf7tez-SN4RCnLwwSJemfTU7fQFB8cmhrJB5Dm3eMoaT/s320/085.jpg" width="240" /></a><span lang="PT-BR">Buritizeiro...Pirapora...Para
mim, a fronteira que separava as Minas dos Gerais, as últimas cidades “grandes”
ao norte do Estado. Não sabia o que encontraria adiante, no imaginário estavam
velhas cidades esquecidas tingidas no ocre do barro agreste. A ideia construía-se
sobre o mapa. Este era claro, informava que depois dessas cidades eram os
vazios, os sertões: grandes territórios, poucas cidades e povoados; estradas
que cabiam na conta dos dedos – todas a tomar distância do São Francisco e a
conduzir para o litoral (Espírito Santo ou Bahia); ou no sentido oposto, para
Brasília. Não entendia por que um rio tão importante na história da colonização
do país seguia tão sozinho para o mar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A viagem
neste ponto tinha se tornado coisa séria. Há muito não fazia turismo pedalando:
as grandes distâncias, os labirintos rurais com pouca presença humana e a clara
falta de infraestrutura para atender viajantes – experenciada desde a saída de
Curvelo – processavam em mim uma mudança – até aquele momento identificada
simplesmente como o stress provocado por um “risco hipotético” permanente, mas
que depois compreendi tratar-se de uma transformação mais profunda: estava
endurecendo, aprendendo a controlar o medo. Transformava-me numa
espécie de ser anônimo, sem rosto, um ser humano a-histórico, sem gênero, capaz
de existir em qualquer lugar e tratar com qualquer pessoa. Não cabia mais insegurança, arrependimento, fraqueza ou
esmorecimento; àquela altura, tudo era só a certeza do destino traçado e a
vida-instante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8QUQnqVKo_YlGUfYzsLmQNrca0E9ehuRbY5UVZZb1fZztJtKI5gJaWzUFGo4fW0yEvz-HeOqCBUCVesxoybhrY_baj6AVnskEroUI2Bvh4TGHly0-vv0kZFLEqymruEGESS8bWcCM47vl/s1600/088.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8QUQnqVKo_YlGUfYzsLmQNrca0E9ehuRbY5UVZZb1fZztJtKI5gJaWzUFGo4fW0yEvz-HeOqCBUCVesxoybhrY_baj6AVnskEroUI2Bvh4TGHly0-vv0kZFLEqymruEGESS8bWcCM47vl/s320/088.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cheguei em Buritizeiro no fim da tarde. Não
sei se pelo que tinha ouvido em Três Marias de dois guardas da polícia
florestal, surpreendi-me ao perceber que a cidade era menor do que imaginara.
Os guardas pintaram um cenário aterrorizador de Buritizeiro, disseram que a
cidade era muito perigosa, violenta, repleta de bandidos de toda Minas Gerais.
E para além desta animadora informação, o fato de saber que havia uma ponte
sobre o São Francisco conectando Buritizeiro à Pirapora – ou seja, as porções
leste e oeste do Estado dividido pelo rio - faziam-me pensar que aquele deveria
ser um lugar de intenso movimento; e que portanto os guardas poderiam ter razão
quanto às observações. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZaxC7GT8Kxi4_go3Q5SNqIZ7mPd4ccZsKTilysZkAJYHeBaP7Q2fy53c_CcqT7D6fRHbIzhaXA0BOwOBxCIKUKKH8zH-3cxmvF4FE8v_MraehboXu0JcIuz7dngEYT4uCfoH-k80c76y7/s1600/292.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZaxC7GT8Kxi4_go3Q5SNqIZ7mPd4ccZsKTilysZkAJYHeBaP7Q2fy53c_CcqT7D6fRHbIzhaXA0BOwOBxCIKUKKH8zH-3cxmvF4FE8v_MraehboXu0JcIuz7dngEYT4uCfoH-k80c76y7/s320/292.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Buritizeiro,
diferente do que esperava, parecia uma cidade provinciana e mal cuidada.
Faltava calçamento em muitas ruas, outras estavam completamente esburacadas e
cobertas por uma areia fina. O centro comercial não chamava atenção – acredito que pelo contato direto com Pirapora, suas </span>necessidades comerciais acabam sendo supridas pela cidade vizinha – e as construções, casas,
pequenos prédios pareciam esquecidos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Dirigi-me
até o lugar de maior movimento – uma rua
central – e então perguntei a uma senhora onde poderia encontrar uma pousada
para passar a noite. Ela indicou aquela que talvez fosse a melhor da cidade: a
recém inaugurada Portal do Sertão. Com o número de telefone e o endereço nas
mãos tratei de procurar o lugar. Atenta ao suposto banditismo da
cidade, seguia pelas ruas procurando no rosto dos habitantes expressões suspeitas. Ninguém
parecia, entretanto, mal-encarado ali; e a tomar como exemplo a senhora que
abordei e outros que passavam, não poderia confirmar a imagem feita pelos guardas de Três Marias; não percebia sinais de tensão ou desconfiança
nas pessoas – o que seria notável se ali imperasse de fato a insegurança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> ...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Encontro a
pousada. O lugar é muito agradável, parece uma chácara: tem galinhas, cachorro
e mangueiras no quintal; a suíte é ampla e confortável. – Para quem na noite
anterior dormira sob um isolante térmico, em uma barraca com dois homens
ressonando ao lado, pedalara 130km – sessenta
por estrada de terra – com pouca comida; ter chegado até ali e me
hospedar na Portal do Sertão correspondia
ao paraíso alcançado (risos). Apesar das pernoites em Buritizeiro terem sido as
mais caras de toda a viagem, não pagavam a hospitalidade e a generosidade dos
donos da pousada, Rômulo e Edna. Além do conforto, a simpatia do casal, o
cuidado comigo e as deliciosas refeições servidas (até mesmo fora da hora e do
valor da diária) tornaram as duas noites que passei ali um presente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEju9C1pT6c5bauKBqefZDhDdU-iddMOlQPznvCoYBD6blWFe8NcqrUhAovoIQ8rZS1-ZviJjCMQe-97LoRDobo5Z_xUku2pTiGHTzjUoWoFOWV9U1vXIn78sW4VYTp1miWRg-UJqdKykt8Q/s1600/11+dia+Buritizeiro+pousada+(2).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEju9C1pT6c5bauKBqefZDhDdU-iddMOlQPznvCoYBD6blWFe8NcqrUhAovoIQ8rZS1-ZviJjCMQe-97LoRDobo5Z_xUku2pTiGHTzjUoWoFOWV9U1vXIn78sW4VYTp1miWRg-UJqdKykt8Q/s320/11+dia+Buritizeiro+pousada+(2).jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sabiam que
estava cansada, então trataram de me instalar rapidamente. Porém, logo que deixei a bicicleta e tomei um banho, Edna
me chamou para o jantar. Tinha preparado a mesa do grande salão da recepção: com arroz, feijão, linguiça frita, frango caipira ao molho pardo (galinha do
quintal), salada de alface com tomate e suco freco de abacaxi. A visão não poderia ser
melhor: comida caseira e farta – como gosto –, depois de um dia à base de
mexericas e pão amanhecido.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-LsSd_-YLSyN5QRYt0TmZ1JPNkM_Cgal-Gvvgn56tOMdeTEhy8LbD2Zs9rEML2KieFl6Tc2kthDcy10TwbcHc1ItL-2-KzYV7a9tPo5Iuh5hWmkL10QcAyjP_imjF-DvaUq53EUHY_vGO/s1600/298.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-LsSd_-YLSyN5QRYt0TmZ1JPNkM_Cgal-Gvvgn56tOMdeTEhy8LbD2Zs9rEML2KieFl6Tc2kthDcy10TwbcHc1ItL-2-KzYV7a9tPo5Iuh5hWmkL10QcAyjP_imjF-DvaUq53EUHY_vGO/s320/298.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-align: justify;">Enquanto
jantava, Rômulo me contava histórias. Neto de um conhecido fazendeiro da
região, nascido e criado em Buritizeiro, acumulava experiência sobre aquelas terras. Trabalhava com ecoturismo organizando cavalgadas, canoagem, trekking, etc.
Contou-me de seu cavalo, Dançarino, que sabia o caminho de casa, voltava sozinho
e abria colchete (parte de cerca que funciona como porteira, onde um mourão
solto prende-se a um outro por um aro de arame) – o cavaleiro nem precisava
desmontar do animal. Preveniu-me que onça com fome é capaz de seguir a presa
por dias até encontrar o momento certo para o ataque, mas que eu deveria mesmo
era ficar atenta com cobra nas estradas, pois elas sim poderiam representar um
verdadeiro perigo; tinha jararaca, jaracuçu, cascavel, coral, achatadeira,...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Falando
sobre meu próximo destino, Paredão, disse-me que ficava à 94km da cidade,
explicou o trajeto que faria, recomendou que procurasse Seo Sidraque ao chegar
e acrescentou: “Você vai gostar de Paredão, da energia do lugar, o rio do
sono...E saiba que lá tudo se resolve, é lugar de decisão: em Paredão nada fica
em cima do muro.” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> <o:p></o:p></span></div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-9610702842451354562012-12-09T12:55:00.000-08:002012-12-09T13:12:06.746-08:0021/05 - BR365<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Convencida
de que só me restava encontrar a BR-365 para chegar a Buritizeiro, me despeço
de Adriano, o “guarda”da fazenda, e tomo
a direção que indicou. Aproximadamente sete kilômetros mais por chão de terra,
saio no asfalto. Barulho, excesso de caminhões, camionetes, acostamento
precário: linha reta, pista simples e margens de uma falsa savana de cerrado –
afinal, a faixa de mata nativa preservada ali só mascara as grandes florestas
de eucalipto que emergem infinitas poucos metros adentro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Era uma e
vinte da tarde. Percorria a monotonia da passadeira preta desde meio-dia e
meia. Não havia nenhuma construção na beira da estrada, temia não encontrar
qualquer lugar onde pudesse conseguir comida. Poucos minutos depois, porém,
avistei do outro lado da pista uma casa entre eucaliptos: supus fosse um posto
de gasolina com restaurante. Não era, tratava-se do segundo posto da RIMA,
outra empresa-fazenda de eucalipto. Fui recebida na casinha por dois vigias:
Wilson e Edmundo, que, para meu alento, tinham ainda alguns pães que sobraram
do café da manhã. Tal qual a fazenda anterior, a entrada desta era também
gradeada e fechada com tela de metal. Os vigias me convidaram a entrar porque confiaram
que eu não era uma espécie de assaltante ou investigadora, pois o acesso ali
não era permitido a estranhos. Sentei no terraço da casinha – que era um cômodo
com pia e banheiro, simplesmente – e esperei. Logo, retornaram os dois: traziam
uma sacola plástica com três pães amanhecidos, com margarina, e um pedaço de
doce-de-leite. Desculparam-se por não poderem oferecer uma refeição típica para o almoço: mas recebiam marmita e as porções eram, como se sabe, individuais; e ambos já haviam almoçado. Aproveitando
o momento de pausa, comi ali mesmo os pães, enquanto conversava. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Confirmaram
que quanto mais para o norte eu seguisse, mais areia encontraria nas estradas.
Falei do trajeto que pensava em percorrer após pernoitar em Buritizeiro, e
explicaram o caminho para Paredão. Entre outros assuntos, me listaram o nome de
algumas das empresas que plantam eucalipto no noroeste de Minas Gerais – além da RIMA: MINASLIGA, LIASA, SANTOS DIAS, MINAS BRÁS,
GERDAU, PETCOVE, PLANTAR. Interaram que todas elas produzem madeira para as
siderúrgicas, e acrescentaram: “ Ih...Você tá querendo encontrar cerrado? O
cerrado acabou, agora é só eucalipto”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Faltavam
ainda 50km para chegar em Buritizeiro. – Depois de alimentada, tudo bem:
seguiria em paz. Felizmente os últimos 40km, me disseram, seriam sobre um
aslfato “novinho”, bastante plano e com algumas “banguelas” - para ajudar no
final. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Deixei os capatazes da RIMA e voltei para a estrada. No caminho,
encontro os trabalhadores (mulheres e homens) da obra de recapeamento da BR.
Acham graça na viagem e oferecem carona no caminhão que os levará de volta a
cidade, agradeço mas declino da oferta; então eles se despedem admirados e riem
da situação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Cheguei em
Buritizeiro cinco e meia da tarde. Nos últimos kilômetros já estava bastante cansada
– foram 130km neste dia. Nada, contudo, que me impedisse de admirar a beleza dos
chapadões do São Francisco no horizonte sendo banhados por uma chuva
precipitada do céu que mais parecia pó de ouro derramando sobre a terra. <o:p></o:p></span></div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-38936725742989594912012-09-13T06:55:00.000-07:002012-09-13T06:57:41.509-07:00Sertão, esses seus vazios...<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><i><b>De desde,
até hoje em dia, a lembrança de minha mãe às vezes me exporta. Ela morreu, como
a minha vida mudou para uma segunda parte.<o:p></o:p></b></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Ainda não
disse como cheguei ao sertão – decerto porque acredito que foi ele que veio até
mim: não busquei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Morte de mãe
é anúncio de sertão na vida: o espaço sem rosto, sem identidade, sem família,
passado ou futuro: o aqui-agora da errância. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A minha começou
quase três anos antes dessa viagem, na cidade de Ribeirão Preto,
na noite do dia primeiro de janeiro de 2009. Ali começou o
sertão para mim: fora de casa, numa cidade que eu mal conhecia, com a qual não
tinha nenhuma relação e onde, depois do ano virado, fiquei
sem o único amor necessário. De súbito, o mundo tornou-se igualmente desconhecido:
não havia mais lugar, qualquer parada era a mesma parada: a do coração, sem diferenças: vida ou morte, casa ou sertão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Foi então
que descobri Riobaldo... Ele parecia compreender o que eu sentia: falava de
vazios, de solidões, de grandes lugares escondidos – somente do conhecimento de
umas poucas “veredas, veredazinhas”. Falava de uma paisagem, enfim, que era
dentro, mas que também era fora da gente, e por isso possível de ser tocada. O
cerrado mineiro caracterizava as paisagens internas, da alma... Por quê? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Não sei por
que, mas sei que precisava de um espelho; um ambiente, uma condição que
materializasse meu sentimento do mundo. Este sentimento que Riobaldo
informava fazer parte dos Gerais: o sertão. Sim, minha vida havia mudado para
uma segunda parte com a morte de minha mãe tal como aconteceu com o personagem do livro, e
era agora o ato da errância. Não era uma busca por liberdade, era uma busca por
reconhecimento, o reconhecimento de um estado de alma. A liberdade é coisa delicada:
só aparece sob referências, sem elas o que se experimenta é destino, sorte nos
caminhos. Eu vagava pelos Gerais assim: na sorte. Poderia ter acontecido
qualquer coisa, felizmente só cruzei coisas boas nas estradas - mas poderia ter sido diferente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">(Engraçado
que sonhei com minha mãe no início da viagem e ela estava muito feliz por mim).
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Riobaldo erra buscando, casa-se com Otacília para acertar o equilíbrio que só um amor
simples é capaz de oferecer, no entanto Diadorim continua como sua neblina: o
impossível de quem vai só se for para não voltar, de quem não pode ter outro destino
senão morrer (Diadorim reifica o próprio sertão na pessoa). Na velhice ele já
está sediado num canto qualquer dos Gerais, um canto caloroso, sobretudo; porém
não venceu o sertão, que continua em Diadorim e na lembrança da mãe que ainda
lhe exporta: esse sertão que ninguém não conhece, nem mesmo ele próprio que
sente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 115%;">Também errei, mas não foi querendo parada, tampouco “dando batalha” mirando vingança por razão tal qual
Diadorim. Saí mesmo porque neste segundo ato da peça sociedade não tinha, em mim só restava natureza. </span><span style="font-family: inherit; line-height: 115%;"> </span></div>
<span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;"><br /></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;">
</span>
<div style="font-size: 11pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;"><br /></span></span></div>
<span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;">
</span>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-76490598219008127462012-09-05T15:22:00.000-07:002012-09-05T15:39:06.844-07:0021/05 - Labirintos de Buritizeiro<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Pedalar.
Primeiro, adentro o arraialzinho da Sambaíba, uma “currutela”, como chamam no
sertão um ajuntamento de meia dúzia de casas no espaço rural. Ninguém ali.
Continuei na estrada até chegar numa área de pastagem. Era o início e eu já não
tinha certeza de onde estava. O sol começava a se estabelecer, a cerração a se
dissipar, mas a terra ainda permanecia úmida. No rumo, distante cerca de
quinhentos metros, avisto um homem na estrada. Passei por ele e perguntei. Apesar
da explicação, o fato de não ter noção da distância em que deveria sair de uma
estrada para entrar em outra tornava o percurso dependente também de golpes de sorte. (Nesses casos, eu costumava permanecer na “estrada mais batida”, no
caminho que parecia mais óbvio). Passei então sobre um rio de nome Formoso (vi
ali um carcará bicando um pedaço de pano velho) e me senti confiante: estava no
caminho certo, tinha descido e atravessado o rio conforme me disseram. Além do mais, o sol do meu lado direito
confirmava o sentido norte. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUgLTZy-irRoGYxIlWOG0lz8vX59Bh_Rv7mzj5X2GBo_a326qXjILKTZeK3jvy-lkHEAtqlKekZgeevr-vz2MnSG61Bp1t9xzDjlLLYQOhUZHt-47pL_1AUxIcYj-pRHa-4lTnWvAmEEuZ/s1600/260.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUgLTZy-irRoGYxIlWOG0lz8vX59Bh_Rv7mzj5X2GBo_a326qXjILKTZeK3jvy-lkHEAtqlKekZgeevr-vz2MnSG61Bp1t9xzDjlLLYQOhUZHt-47pL_1AUxIcYj-pRHa-4lTnWvAmEEuZ/s320/260.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mais alguns
kilômetros e avisto a fazenda Carneiro. Decido passar a porteira para perguntar
mais uma vez.(Para entrar em fazendas, sempre deixava o canivete em lugar de fácil alcance com a lâmina aberta, para me defender caso algum cachorro resolvesse atacar).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Sou recebida primeiro por três cachorros que, com os latidos, logo atraíram à porta quem estava em casa: uma mulher, uma garota adolescente e uma menininha. (Ninguém nunca entendia bem o que era aquilo: uma mulher chegando de bicicleta sozinha...). A mais velha confirmou que estava no caminho certo para Buritizeiro. Segui, então, como diziam: animada! Veio uma serra um pouco íngreme, mas não precisei empurrar a bike; continuava, observando os arredores por controle: pensava nas onças. Foi quando, subitamente, o cerrado acabou e me vi dentro de um enorme “eucalipal”. Ali constatei que tinha tomado o caminho errado e que por isso a viagem ganharia cerca de 50km a mais. O rapaz que tinha encontrado na estrada assim que saí da Sambaíba havia me dito que existiam dois caminhos, o de cima, mais usual, levava para a fazenda de eucalipto, Nazaré; o outro “margeava” o rio. Como pelo rio eu não deveria ver eucalipto, certamente tinha tomado o caminho da Nazaré.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A estrada era pura areia, bancos de 40cm ou mais. Por sorte, a chuva na noite anterior compactara o solo, o que possibilitou pedalar, senão perderia longo tempo ali. As árvores estavam altas e não era possível enxergar onde estava. Cheguei em uma encruzilhada na plantação e não sabia para onde seguir. Qualquer erro poderia significar desgaste, fome, falta de água e uma noite no mato. Se estamos no rumo certo, nossos esforços podem ser medidos pelo tempo de viagem aproximado; errar neste caso significa perder o pouco de controle que temos da situação sem qualquer garantia de encontrar alguém no caminho para ajudar. Respirava fundo e olhava para as opções: esquerda ou direita no labirinto de eucaliptos? Direita: porque havia marcas de pneu no solo e o sol continuaria refletindo no meu lado direito: rompia para o norte.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfBhebZBJ7frKmvOWaxM9Pfp18o_1r25Ur84H0StZuiHhFcrIz797X_QNuyZq7xfEAtRrweDhzEsHnbbRLxolrcJFzjRbC4Lw66Lz4-jLwMCi9G-7v542-x61LUdQr22FJHqcJk4UGLVzN/s1600/262.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfBhebZBJ7frKmvOWaxM9Pfp18o_1r25Ur84H0StZuiHhFcrIz797X_QNuyZq7xfEAtRrweDhzEsHnbbRLxolrcJFzjRbC4Lw66Lz4-jLwMCi9G-7v542-x61LUdQr22FJHqcJk4UGLVzN/s320/262.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="text-align: justify;">Foram alguns poucos kilômetros com os olhos arregalados, a respiração lenta e profunda, a cabeça “segurando” o espaço; até que um carro surgiu derrapando ao longe (só nessas ocasiões um motor é alívio). Sim, o caminho era aquele mesmo: sairia na BR365 cerca de 20km à frente.</span>
<br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">O “eucalipal” diminuia de altura e a vista podia então ir mais longe, o que também gerava alívio. Outro carro se aproxima e dessa vez ganho do motorista saborosas mexericas. A paisagem vai mudando, e dos eucaliptos passo para uma área de cerrado caído, destruído. </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRrNUpLUlVS28a6PV1rqSZSPl5o0cZdmhMI2v27b7HOeXt4nrnOnBNzLw8Vtb5FCyqwY_w2tiWfbKZ2xhTE0MV6IG9f_UzWqyh7rHKvmYGB-kJCkQQ7lHuwx0H3eidwOnk9BysOOwlEFSq/s1600/080.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRrNUpLUlVS28a6PV1rqSZSPl5o0cZdmhMI2v27b7HOeXt4nrnOnBNzLw8Vtb5FCyqwY_w2tiWfbKZ2xhTE0MV6IG9f_UzWqyh7rHKvmYGB-kJCkQQ7lHuwx0H3eidwOnk9BysOOwlEFSq/s320/080.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Depois, num baixio, vejo a primeira vereda da viagem. É a "ficção" real: os buritis, o resfriado. O medo se encerra, invadido pelo sonho. Estou emocionada.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie3IOsErE2n74O8Rch1VzWDLujGhB1qvc60UiOThJLUVdE7n1b_Gh7CyADIDgrDbPUE0iLRCVgEixiXjNsft-q0_1LxWl54-a77yO4lv-N9fu9eoAQdpU-LIvhunfzAUzQNM5-eFeASE7e/s1600/083.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie3IOsErE2n74O8Rch1VzWDLujGhB1qvc60UiOThJLUVdE7n1b_Gh7CyADIDgrDbPUE0iLRCVgEixiXjNsft-q0_1LxWl54-a77yO4lv-N9fu9eoAQdpU-LIvhunfzAUzQNM5-eFeASE7e/s320/083.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pela
configuração do espaço é possível perceber se já estamos perto de estrada de
rodagem ou não. É simples: há mais cercas, mais placas, mais movimento humano
nas proximidades de rodovia. Passei da vereda e cheguei num cruzamento onde, do
lado direito havia uma fazenda. Vou até lá para mais uma vez saber do caminho.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Essas
fazendas de eucalipto em nada se assemelham àquelas fazendas de nossa memória
do Brasil colônia ou da república velha. Não são áreas de morada, não tem
casarões coloniais, cavalos, pomar, horta, quintal, terreiro...São empresas, algumas
com escritório e grandes barracões onde se guarda o maquinário. Não possuem
camponeses mas seguranças armados, vigias, câmeras. Não é espaço de vida. É
estranho porque descaracteriza o rural, mas também não se configura como um espaço
urbano. É uma fronteira sem semblante, sem humanidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Chego nessa
fazenda e não vejo ninguém, no entanto sou vista; Adriano, um segurança vestido
como policial, vem falar comigo. Percebo que está armado. Ele é simpático até,
explica que estou há aproximadamente 7km
do asfalto, mas que para Buritizeiro terei ainda que percorrer algo em torno de
70km. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Não vejo
problema contanto que tenha algum lugar onde possa fazer uma refeição neste
intervalo. “Não há”, me disse. Era meio-dia, e me restavam apenas duas
mexericas e um quarto de um pacote de bolacha salgada. Adriano disse que me
arrumaria algo se tivesse, mas que ele levava marmita e já tinha almoçado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Com comida
ou sem, o jeito era continuar. Tinha esperança, no entanto, de conseguir um
pouco mais de comida em qualquer lugar da estrada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-23048055662738046292012-09-05T12:42:00.002-07:002012-09-05T15:29:39.571-07:0021/05 - Saída da Barra<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Seis da
manhã. O dia está nublado. Tenho minhas tralhas já arrumadas, espero <i>Nem</i>
levantar para seguir de canoa até o
porto da Sambaíba onde tomarei a estrada para Buritizeiro. Bebo um café pingado
e novamente como bolachas Maria. João
Lúcio e Luís dizem-se tristes com minha partida, falam que a Barra vai perder a
graça: “A gente devia é ter ido para as bandas do Rio Pardo, para conhecer
mulher como você! Meu coração vai contigo...”; falam João Lúcio e Luís. – São muito teatrais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">No momento
de deixar a Barra, uma foto com todos de lembrança. <i>Nem</i> desce a barranca para embarcar a
bicicleta, Luís lamenta: “Liquinha me dá o Rivotril, faz favor!”. Um último
abraço em cada um, depois o pulo para dentro da canoa. João Lúcio se apressa,
tira do bolso uma nota de cinquenta reais e pede para eu pegar, “é para ajudar
na viagem”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiydWYctc9TOPTHwh12cAlReYbjNaZ59KS7PvyvAmFqzpovPkRcrbmfX_8spYs71GJEGFEQFkusHD2_5fJGurjdWyOgExWyA_kU6GTQO59CE0TpMzmeeOxquqtqrlUsBRq64KpjMaKIyrmv/s1600/258.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiydWYctc9TOPTHwh12cAlReYbjNaZ59KS7PvyvAmFqzpovPkRcrbmfX_8spYs71GJEGFEQFkusHD2_5fJGurjdWyOgExWyA_kU6GTQO59CE0TpMzmeeOxquqtqrlUsBRq64KpjMaKIyrmv/s320/258.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Partimos. O
São Francisco está enevoado pela cerração da água na superfície. Sinto-me
naqueles cenários de selva onde o vapor, como gelo seco em palco, materializa o
mistério tornando o presente suspeito. Vamos quietos. <i>Nem</i> desce comigo
aproximadamente dois kilômetros de rio. Não sei em que tempo estou: a manhã é
jurássica. De repente uma pequena clareira surge na margem esquerda, <i>Nem</i> diminui a velocidade e encosta. Chegamos nas terras da Sambaíba. Há um homem ali, com traços
asiáticos; parecia que nos esperava. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Este homem
me dá instruções de como chegar em Buritizeiro margeando o rio, mas previne que
não será fácil: “É complicado até para quem mora aqui. Você vai perguntando, se
ver alguém na estrada; para não se perder”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">As
instruções de direção no meio rural são um tanto difíceis para quem é da cidade
pois, visto que não se trata de um espaço racionalizado tal qual o meio urbano,
as referências, em geral, correspondem a marcos de vegetação, do curso dos
rios, de casas de sitiantes e outras pequenas interferências humanas como:
mata-burros, tipos de cerca e agricultura. É raro ouvir esquerda/direita ou
menção a placas de sinalização. A coisa é mais ou menos assim: vai para o rumo de cá, depois vira para lá,
passa um número X de mata-burros, vai ter um rio, uma pontezinha, uma plantação
Y, um “gaio”, um baixadão, etc. ... Por aí vai. Fica a impressão de que o senso
de orientação nesses ambientes é exclusivamente prático – como comida feita “a olho”, para a qual não existe a
medida exata dos ingredientes, mas aproximações que dependem sobretudo do
hábito de quem prepara – entretanto,
mesmo que o movimento do corpo pelo espaço seja o condicionante do conhecimento
sobre o caminho (um conhecimento cinestésico), existe uma precisão a partir de certos
elementos significativos. O problema é que nós, habitantes das cidades, não estamos
acostumados a lógica desses espaços, o que nos leva a pensar que as instruções dadas não são
suficientes para garantir um destino correto. Lembro-me de sempre ter dúvidas
quando chegava num mata-burro ou porteira de que se tratava exatamente do que
tinham indicado. No fim das contas, o
que sentia era a falta de símbolos (palavras e números) na paisagem; seguia um
mapa imaginário feito de plantas, madeira, água e ferro que deveriam combinar
com aquilo que via pelo caminho. <o:p></o:p></span></div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-81418218814391347732012-08-17T21:51:00.000-07:002012-08-17T21:51:37.220-07:0020/05 - Último dia na Barra do de-Janeiro: lembranças e notas de diário. <div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">De volta a fazenda Cambaúba, sento-me debaixo da mangueira com Delvair, filho de D. Vera, que está cosendo rede de pesca. Ele também vende peixes em Três Marias. O garotinho, neto de D. Vera, está imitando a vó e puxa água da soleira da porta da cozinha com um rodo duas vezes o seu tamanho (não tem nem dois anos completos). Delvair conta que às vezes vai de bicicleta para a cidade (havia peças como catracas, garfo, pedaços de corrente espalhados de forma a compor uma instalação artística no quintal). Mas ele tem uma moto, que lhe serve melhor para o trânsito regular de 50km da fazenda até o centro urbano. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Eram duas horas da tarde e estava esperando na barranca alguém para me levar de volta ao <em>Nem</em>. Tinha pela terceira vez vasculhado o pasto da Cambaúba em busca do gravador e, finalmente, desistido. A partir daquele momento os registros deveriam ser sempre escritos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">João Lúcio foi quem veio me apanhar: remando. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Almocei macarrão com carne aquela tarde e passei boa parte do resto do dia assistindo os três homens (Maurício, João Lúcio e Luís) pescarem. – Estava com Grande Sertão: Veredas nas mãos. Foi engraçado o momento em que, com receio de chuva, Luís pegou um graveto e começou a riscar um grande sol no chão de areia; disse que o desenho espantaria a chuva iminente. Ele não parecia brincar, fazia aquilo seriamente, certo de que funcionaria. Achei engraçado pois me lembrei que eu costumava acreditar no desenho do sol quando era criança. De fato não veio chuva, só alguns poucos pingos, insuficientes para atrapalhar a pescaria. Gostava dos três, eram brincalhões e bondosos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">À noite, D. Liquinha me convida para jantar com ela e <em>Nem</em>. À mesa ouço histórias variadas, como a de Dona Didi, senhora – velhinha já – que pagava motorista de Belo Horizonte para a Barra, onde costumava passar até uma semana. Segundo eles, Didi gostava de uma cachaça, chegando a tomar um litro por dia; fumava e declamava poesias. Tinha dinheiro, mas preferia a simplicidade daquele lugar – que na época não tinha nem luz elétrica – a roteiros turísticos populares.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Lá também fico sabendo do causo da barba de Manuelzão: o velho havia feito promessa de que só cortaria depois que matasse o assassino de um de seus filhos. – Morreu barbudo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">João Lúcio, irrefreável em seu senso de humor, também conta (estórias): a do dia em que um enorme surubim o levou para passear no São Francisco e a do amigo peidorreiro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Surubim: o bicho era tão grande e forte que enfrentou a fisgada do anzol arrastando-lhe, com a canoa, pelo rio quase até Três Marias. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Do peidorreiro: uma noite, o amigo esqueceu o lampião aceso dentro da barraca, então o fogo, alimentado pelo gás de seus peidos, aqueceu o ar interno a ponto da barraca suspender do chão e começar a flutuar. Como estava ventando muito, a barraca subiu, e feito balão vôou até passar da cerca. De manhã, o rapaz não entendia o que tinha acontecido, porque amanhacera do outro lado do rancho. Achou que os amigos tinham lhe pregado uma peça enquanto dormia. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Aproveitando o clima de piada e o recorrente assunto de onça, <em>Nem</em> diz que lobo guará só ataca mulher – e se estiver menstruada é pior por causa do cheiro. Contou que uma vez um guará perseguia uma mulher, e ela, na fuga, trepou num arbustozinho. O guará foi atrás e, enquanto tentava puxá-la para baixo, ela gritava por socorro. O genro foi quem viu a cena, mas achou graça e, em vez de ajudar, começou a gritar de volta, para o guará: “pega a véia! Pega a véia!”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Logo mais, outros homens chegaram. Por minha causa, o assunto em geral recaía em lembranças de aventuras pessoais – ou alheias – e tentativas superficiais de explicar a geografia da região. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">...<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">O rancho do <em>Nem</em> é uma casa/bar. Vizinhos e pescadores da temporada vêm a qualquer hora para tomar café, cerveja e cachaça. A maioria pesca de noite, chegam de voadora com lanterna. O fluxo masculino é imperativo. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Eles ficam falando que há onças por aqui,...Sei lá, fico com medo: disseram que elas atacam pelas costas...<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: 'Calibri','sans-serif'; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><span style="font-family: inherit;">Sinto,na verdade, que já estou um pouco cansada da viagem. O ambiente rural daqui é duro: longas distâncias, poucos povoados... A solidão na estrada é grande, o cansaço e o medo começam a ter efeitos. Agora devo começar o trabalho para manter o equilíbrio emocional. Devo redobrar a atenção, tenho muito que viajar ainda. Percebo agora o quanto sou urbanizada, sinto-me bem em lugares com infraestrutura, onde possa encontrar coisas de que preciso. Aqui não tem nada: a água que se usa é do rio, encanada mas direto do rio. Vou sair amanhã cedo e preciso me preparar: não tenho comida suficiente para levar no percurso até Buritizeiro... </span></span></div>
Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-11443821781722836342012-08-11T13:03:00.003-07:002012-08-11T13:12:10.386-07:0020/05 - Silga<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Acordamos cedo na Barra, eram seis da manhã. O dia estava molhado da chuva que caíra na madrugada. Tomei café preto e comi bolacha Maria no desjejum. Adriano, que mais uma vez passava pelo rancho, me atravessou para a fazenda Cambaúba: eu queria visitar a tão falada capelinha da Silga. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Refazendo a trilha do pasto da fazenda, vasculhava novamente os feixes de mato à procura do gravador: nada. Ia à pé dessa vez, a capelinha devia distar uns quatro kilômetros da casa de D. Vera; bastava retornar para a estrada no sentido do povoado das Pedras. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">No caminho, só o silêncio compartilhado com algumas vacas e dois cavalos parados no pasto. No entanto eu nunca estava tranquila: andar sozinha exigia ainda mais de meus sentidos "herbívoros", era como se aquela estaticidade do ambiente rural fosse uma permanente emboscada. Imaginava animais a me espreitar, olhos vindos de todos os lugares; pensava quais reações poderia ter caso sofresse algum ataque. Ao mesmo tempo, não deixava de afirmar a mim mesma que onças circulam à noite e que o ambiente é sempre mais limpo de perigos do que nossa imaginação costuma pintar. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">A capelinha da Silga é um lugar importante na literatura rosiana. É em torno de sua construção e da festa para seu benzimento que gira o conto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Uma História de Amor</i>, do livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Manuelzão e Miguilim</i>. Conta Pedro Fonseca, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Xale de Rosa </i>(recente publicação do jornalista sobre a vida do vaqueiro Manoel Nardy), que o local para a construção da capela fora sugerido pela mãe de Manuelzão (Inhá). O lugar no romance de Rosa chama-se Samarra e fica na parte alta das terras da Silga. Ali também encontra-se o cemitério onde estão enterradas Inhá e a primeira mulher de Manuelzão (Luísa). Na verdade, a construção da capela começou logo após a morte de Inhá (1948) e demorou três anos para terminar. O vaqueiro lembrou-se do que havia lhe dito a mãe: que aquele alto era um lugar bonito para uma capela, e a enterrou lá, cercando uma área mais plana com estacas de aroeira para ter um cemitério. E imediatamente abaixo foi erguida a capelinha. </span></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">O conto em que Manuelzão é o personagem central refere-se aos três dias de festa pela inauguração da capelinha, anteriores à saída da comitiva de boiadeiros que tocaria o gado da fazenda Silga até a fazenda São Francisco, em Araçaí, a qual Guimarães Rosa acompanhou. O escritor, primo de Chico Moreira, arrendatário da Silga, participou dessa festa. </span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjznAzpZrT30yaps3b3I8M3-CRzGHGpNy7D13lqENivesv6Blm_WtA3X29q4Yjr6Cyl7oid4oFAjeyHWInkUhh-olOSJdYz_iqBE24VQ1GRt9RPl3eWVpZ41Rjf99ank8gnotrOcGl5Eprz/s1600/067.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjznAzpZrT30yaps3b3I8M3-CRzGHGpNy7D13lqENivesv6Blm_WtA3X29q4Yjr6Cyl7oid4oFAjeyHWInkUhh-olOSJdYz_iqBE24VQ1GRt9RPl3eWVpZ41Rjf99ank8gnotrOcGl5Eprz/s320/067.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Não foi difícil encontrar o local. Haviam me dito que ficava do lado esquerdo da estrada (referência para quem vinha da Barra), um pouco encoberto pelo mato e junto a alguns fornos de carvão. Um grupo de quatro araras canindés passou por mim quando estava chegando, trazendo-me um último som. Vi primeiro um dos fornos e entrei no mato na direção dele. Era ali: um lugar sombrio e de aspecto abandonado, que mesmo a luz da manhã não era capaz de acender. O cemitério tinha ares de elo perdido que assim queria continuar. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não consegui reconhecer quais poderiam ser as sepulturas dos familiares de Manuelzão, os túmulos e as cruzes estavam em ruínas. A capelinha, de pé, parecia alheia a isso. Uma outra maior estava sendo construída, mas ainda que o reboco de cimento e uma pequena pilha de tijolo mal arrumada indicasse o movimento humano, aquele parecia um lugar de almas abandonadas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-kbcUc5ppjw0xwpL70RMzlMJar7xOLkHFR-7tzqRaGDujJNyi48-J9gYDveNDuZ-yuZsJoku494qEazgkZ5JHhklKvTH-X7yYWJhNj5FxB-OPjlIipyvru8EwqHw-8PV9YfIJZhgUeDdI/s1600/066.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-kbcUc5ppjw0xwpL70RMzlMJar7xOLkHFR-7tzqRaGDujJNyi48-J9gYDveNDuZ-yuZsJoku494qEazgkZ5JHhklKvTH-X7yYWJhNj5FxB-OPjlIipyvru8EwqHw-8PV9YfIJZhgUeDdI/s320/066.jpg" width="320" /></a></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">Não me demorei por lá: não era medo mais, era o sufoco de uma paisagem decrépita que parecia querer ficar sozinha. Peguei o caminho de volta, então, sem muito pensar. Os cavalos continuavam no mesmo lugar. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><o:p></o:p></span></div>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-38606529621660585512012-07-24T19:54:00.002-07:002012-07-30T15:55:20.653-07:00Fim do dia 19/05/2011<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">Após voltarmos de Barro Branco, tratei de arrumar o espaço onde iria dormir: na barraca com João Lúcio e Maurício. Esta era de um tipo grande, feita para comportar até quatro pessoas. Ficaria com eles porque não havia quartos disponíveis na casa de <em>Nem: </em>explicou-me, assim que cheguei, que um parente os utilizava, guardando coisas pessoais lá. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Estiquei o isolante térmico entre o inflável de casal de João Lúcio e o colchonete de Maurício.</span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"> A cama improvisada na barraca não oferecia nenhum conforto, pois a espessura do isolante térmico não o torna de fato um substituto do colchão; mas estava tão cansada que consegui dormir, apesar da superfície dura e da ressonância dos colegas. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">A perda do gravador, no entanto, afetou-me de tal modo que sonhei nessa noite com a solução do caso: procurá-lo no pasto com a "perrada" de Diego (o garoto de Buritizinho caçador de tatus). Oferecia aos cachorros uma peça minha de roupa usada para que através do cheiro desta buscassem o aparelho. Então saíamos, eu Diego e os animais, mato afora com essa missão. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"> </span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Talvez para quem acompanha este blog não tenha ficado claro: o trecho percorrido na Estrada da Consciência, a ida a Pontal, o café na casa de Seo Valdivino, nas Pedras; o vai e vem na fazenda Cambaúba, a chegada no rancho do <em>Nem</em> e a visita a Barro Branco foram todos eventos de um único dia.</span></span></div>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-90861262355344614312012-07-22T18:38:00.000-07:002012-07-24T20:03:58.438-07:00Barro Branco<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">Um pequeno arraial distante poucos kilômetros do rancho do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nem</i>. Estava escuro para eu ter uma idéia exata da direção que tomamos: creio que Barro Branco fica no caminho do povoado das Pedras, no sentido de quem volta para Três Marias. João Lúcio, que dirigia o carro, demonstrava absoluto conforto com as estradinhas da Barra do de-Janeiro. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-family: inherit;">Não passava das nove horas quando chegamos na casa do Wilson, cunhado do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nem</i>: estava fechada e escura assim como todas as casas do povoado. Som nenhum se ouvia ali, somente o dos insetos noturnos; toda a vila de Barro Branco parecia dormir. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">Sem qualquer cerimônia, João Lúcio chama, bate palmas, até que Wilson surge, com o semblante de quem acabara de sair da cama. Eu e os outros, Maurício e Luís, ficamos constrangidos, quietos atrás de João Lúcio; mas este no entanto se comportava com tal familiaridade e desenvoltura que não nos deixou escolha a não ser cumprimentar Wilson sem qualquer pedido de desculpas pela inconveniência. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">Anexa a sua casa, era a venda. João Lúcio pediu duas cervejas. Aceitei tomar um copo. Ficamos os cinco conversando, Wilson do lado de dentro do balcão. Felizmente, ele não parecia chateado com nosso importuno. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyaSg7nIREqMKYOCI1_x_2rrnfuggrVwoqvvvIeYFT91yOWOiuTtaZUQZ4sOVcqffUmNlR34n6hHm13KgVfzGYRCa0meajWn2URYam7nIDjahqV5NnL19RYlnReWoAhUmw7rWjuh8SylSL/s1600/064.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: inherit;"><img border="0" hda="true" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyaSg7nIREqMKYOCI1_x_2rrnfuggrVwoqvvvIeYFT91yOWOiuTtaZUQZ4sOVcqffUmNlR34n6hHm13KgVfzGYRCa0meajWn2URYam7nIDjahqV5NnL19RYlnReWoAhUmw7rWjuh8SylSL/s320/064.jpg" width="320" /></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">João Lúcio era quem falava: contava da família e dos cuidados com a mãe doente. Descrevia o modo como a tratava e o tipo de auxílio que prestava, enfatizando o carinho que tinha por ela. O assunto, amparado pelo frio da noite, o silêncio e a escuridão;<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>passou então dos seus relatos para uma reflexão sobre o amor, o afeto e a generosidade entre os homens. Naquele momento, parecíamos os últimos seres humanos sobre a terra: entre um pensamento e outro fiávamos o silêncio. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0in 0in 10pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; mso-ansi-language: PT-BR;">Eu estava extremamente cansada, e chateada com a história do gravador. Ouvia João Lúcio, Wilson, Maurício e Luís filosofando enquanto ensaiava os goles na cerveja. Queria ir embora, controlava o líquido dentro da garrafa a imaginar que quando esta acabasse, João Lúcio pegaria então seu saco de farinha e voltaríamos para o rancho. Mas que nada, ele ainda pediu uma terceira e uma quarta. O mais estranho era perceber que nenhum dos três afinal era verdadeiramente afeito a bebida; era nítido o embaraço, principalmente de Luís, em ter seu copo enchido mais uma vez. A noite era mesmo para nosso amigo de Contagem. </span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMBcRYGhhoAeLrHLmwcfF760VU0UtEqkXXsYEqr2gWQQ3s3MpnFAmPfRXMKT5UWHtMs6r93TtT4Vd6cJl_G7M1Fiiv0j0pQauc6f4TlbTXSMPm2pAtNz2iYz1msP5vFzmekqmkRy6aCCad/s1600/061.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: inherit;"><img border="0" hda="true" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMBcRYGhhoAeLrHLmwcfF760VU0UtEqkXXsYEqr2gWQQ3s3MpnFAmPfRXMKT5UWHtMs6r93TtT4Vd6cJl_G7M1Fiiv0j0pQauc6f4TlbTXSMPm2pAtNz2iYz1msP5vFzmekqmkRy6aCCad/s320/061.jpg" width="320" /></span></a></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Pela primeira vez pensei na loucura em que tinha me metido. Em Barra do Rio de Janeiro as coisas começavam a se mostrar mais complicadas. Os lugares, mais selvagens; as situações, mais impensadas: eu, em um arraial distante do São Francisco, com um bando de homens que eu sequer conhecia, bebendo cerveja numa espécie de botequim improvisado no terraço de uma casa; no alto de uma noite preta cuja única luz refletira umas horas antes: a da lua – a mais linda que já vi: uma enorme bola laranja caída embaixo da silhueta de uma árvore misteriosa, no pasto rente ao céu. </span></div>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-43759416693118836462012-04-15T16:15:00.006-07:002012-07-30T16:19:54.944-07:00Rancho do Nem<div style="text-align: justify;">
Era o oitavo dia de viagem. Até ali, foram 479,8km pedalados (considerando que por dois dias não peguei a bicicleta, atingi esta marca em seis; uma média de 80km por dia) e alguns metros de rio em canoa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Adriano foi quem me atravessou para o rancho do <em>Nem</em>. Lá, fui recebida por João Lúcio, um dos pescadores que estava acampado. Ele me levou até a cozinha improvisada e serviu-me o que havia sobrado do almoço: macarrão com carne de panela e arroz com jiló. Esquentou a comida no fogareiro e se ofereceu para fritar um ovo. – Disse-lhe que não carecia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9ELMwoOwSUZ1dFsiPZoSxd61I_aq9Dk_4TPxO6GqqPUYL1rLXpGqQ3GZmSubT2gqmpqG34CZiN9bHjJ4VIfuyILeS4J8PrwCJbs4AcgCTiXHWPuT3vyrXtOOMp28lKcz5zGrD2r4-ODUj/s1600/052.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5731774948269723586" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9ELMwoOwSUZ1dFsiPZoSxd61I_aq9Dk_4TPxO6GqqPUYL1rLXpGqQ3GZmSubT2gqmpqG34CZiN9bHjJ4VIfuyILeS4J8PrwCJbs4AcgCTiXHWPuT3vyrXtOOMp28lKcz5zGrD2r4-ODUj/s320/052.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A casa do <em>Nem</em> era uma construção de alvenaria funcional: um terraço aberto, com uma mesa grande no centro, servia aos fins de sala de jantar e espaço de reunião. Ao lado, era a cozinha, e, nos fundos, separados por um corredor que terminava no banheiro, havia três quartos - sendo o primeiro o do casal. Todo o resto do rancho era um terreiro usado como área de camping. Havia ainda árvores frutíferas em torno; um banheiro, muito rústico, para uso dos pescadores, e uma pia, que ficava imediatamente atrás do banheiro, para limpar os peixes. Pagava-se oito reais para acampar ali. Era tudo muito simples, mas havia energia elétrica e pegava sinal de celular – só Oi.</div>
<div style="text-align: justify;">
A água utilizada nas instalações externas vinha direto do rio, através de mangueiras instaladas na barranca.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMhPslZBCp_EF0KnLPUrg0m0gAW48eJK7OwknU_vqCFvEw4y_tZXveK0fSECzoLYvTbaIqePvRJeDL0Gwt08ZgQBJvj4BwTFi1xnqog45NHRQQJYS_8yXqvwl_uD_gJOEz5QM0j9ZQUXrv/s1600/053.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5731774962792779826" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMhPslZBCp_EF0KnLPUrg0m0gAW48eJK7OwknU_vqCFvEw4y_tZXveK0fSECzoLYvTbaIqePvRJeDL0Gwt08ZgQBJvj4BwTFi1xnqog45NHRQQJYS_8yXqvwl_uD_gJOEz5QM0j9ZQUXrv/s320/053.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 240px;" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após o conforto do prato de comida, fui para a barranca onde Maurício e Luís, amigos de João Lúcio, pescavam. Os três vinham da grande Belo Horizonte. João Lúcio e Luís eram de Contagem; Maurício, de Caratinga. João Lúcio contou que há tempos frequentava a Barra do de-Janeiro<em>:</em> gostava de tirar uma semana das férias para ficar sossegado na beira do rio. </div>
<div style="text-align: justify;">
Além dos três, estava ainda no rancho D. Liquinha, esposa de <em>Nem</em>. - Éramos as únicas mulheres ali. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os homens estavam pescando desde cedo. Logo encerrariam. Maurício, antes de parar, retirou o samburá do rio para que eu visse um peixe "muito estranho"que fisgara. - O peixe era pequeno, amarelo com manchas, feito uma onça; tinha grandes e espinhentas barbatanas, uma boca grande e rasgada. Disse-lhe que devia ser um cascudo, pois tinha todas as características dos bagres de águas barrentas. Maurício não pareceu se importar muito com a observação, continuava a achar o bicho um espécime alienígena: -estava mesmo interessado em saber qual seria o sabor daquele peixe. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXAYaKZbVE0Zbw7KknhBVoqUvVH6-9vAz3AYvWOLK3NYBqzIRPKaSTepzqDG5hplYLsLpDeoAXlwW18s_zepEuqE85T4MSs6tAa-ZYKX2bk-4durekvVgvbCFTyDpPca0iFodSZ5bAHz7P/s1600/054.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5731774952273371538" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXAYaKZbVE0Zbw7KknhBVoqUvVH6-9vAz3AYvWOLK3NYBqzIRPKaSTepzqDG5hplYLsLpDeoAXlwW18s_zepEuqE85T4MSs6tAa-ZYKX2bk-4durekvVgvbCFTyDpPca0iFodSZ5bAHz7P/s320/054.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Anoitecia...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Nem</em> chegou de Três Marias (este, sim, pescador de profissão: vivia da venda de peixes na cidade).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
João Lúcio pergunta a <em>Nem</em> por quanto vendeu as douradas. <em>Nem</em> dá o preço e João Lúcio reclama: brinca que para ele a dourada era mais cara. <em>Nem, </em>discreto e generoso - com ar de quem diz: este não entende - responde que o peixe que João Lúcio comprou pesava mais. João Lúcio, fanfarrão, ao ver que eu escrevia coisas em um caderninho, pede para anotar: "a dourada para João Lúcio é mais cara!"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
....................................................................................................................................................................</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem dúvida, João Lúcio era o mais divertido entre eles (teatral até); contava causos e piadas. Maurício – “Loirinha” –, sentimental; Luís, meigo; e <em>Nem</em>, um lord: um homem grande, moreno, rosto plácido, gestos firmes e delicados; elegante e discreto – me impressionou bastante.</div>
<div style="text-align: justify;">
....................................................................................................................................................................</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estávamos todos (mais Adriano que voltara) no terraço da casa; comíamos os corimbatás da pescaria e, claro, o cascudo; fritos, regados a cerveja e café. Conversávamos, entre outras coisas, sobre minha viagem. Explicava que pretendia chegar a Buritizeiro ou Pirapora mas não sabia como. Imaginava descer o rio de barco com algum pescador, mas, como <em>Nem </em>já havia me dito (ao telefone, quando liguei de Três Marias) que não o faria pela distância, e porque não podia deixar o rancho naquele momento; colhia informações de como seguir por terra. Concluí, então, que era mais garantido seguir o rio pela margem de Buritizeiro, pois a trilha do outro lado devia estar mais marcada. Assim, <em>Nem</em> combinou de me atravessar até o porto da fazenda Sambaíba - dois kilômetros, aproximadamente, São Francisco abaixo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6xe8yySlTKbPaietCMSFpN6RPBbToCg70r9vMVfPUKJOVFnRVAPvlIe9uX2TOy94ZLtsxwNj_I3ErSLW3tyeqZdndHyKo1UPjWBw2GI0ARPS273Lr-AOp8MsclUnJeL3I8ci_jhzvagbs/s1600/059.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5731774964976360946" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6xe8yySlTKbPaietCMSFpN6RPBbToCg70r9vMVfPUKJOVFnRVAPvlIe9uX2TOy94ZLtsxwNj_I3ErSLW3tyeqZdndHyKo1UPjWBw2GI0ARPS273Lr-AOp8MsclUnJeL3I8ci_jhzvagbs/s320/059.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Animado com a conversa, João Lúcio, após o jantar, me convida para ir com ele e os amigos até Barro Branco, um povoado perto dali, para comprar aquela que, segundo ele, era a melhor farinha de mandioca de Minas Gerais. </div>
<div style="text-align: justify;">
Já passava das oito quando saímos, de carro.</div>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-16226822285779364622012-03-31T08:11:00.004-07:002012-03-31T08:53:03.566-07:00Trechos do encontro de Riobaldo e Diadorim na Barra.<em>Mas eu olhava esse menino, com um prazer de companhia, como nunca por ninguém eu não tinha sentido. Achava que ele era muito diferente, gostei daquelas finas feições, a voz mesma, muito leve, muito aprazível. Porque ele falava sem mudança, nem sobejo de esforço, fazia de conversar uma conversa adulta e antiga. Fui recebendo em mim um desejo de que ele não fosse mais embora, mas ficasse, sobre as horas, e assim como estava sendo, sem parolagem miúda, sem brincadeira - só meu companheiro amigo desconhecido. <br /><br /><br />Ele, o menino, era dessemelhante, já disse, não dava minúcia de pessoa outra nenhuma. Comparável um suave de ser, mas asseado e forte - assim se fosse um cheiro bom sem cheiro nenhum sensível - o senhor represente. (...) Se via que estava apreciando o ar do tempo, calado e sabido, e tudo nele era segurança em si. Eu queria que ele gostasse de mim.<br />Mas, com pouco, chegamos no do-Chico. O senhor surja: é de repentemente, aquela terrível água de largura: imensidade. <br />Medo maior que se tem, é de vir canoando num ribeirãozinho, e dar, sem espera, no corpo dum rio grande. <br />Tive medo. Sabe? Tudo foi isso: tive medo! Enxerguei os confins do rio, do outro lado. Longe, longe, com que prazo se ir até lá? Medo e vergonha. A aguagem bruta, traiçoeira - o rio é cheio de baques, modos moles, de esfrio, e susssuros de desamparo. <br /><br />"Carece de ter coragem..."- ele me disse. Visse que vinham minhas lágrimas? Doí de responder: - "Eu não sei nadar..."O menino sorriu bonito. Afiançou: - "Eu também não sei." Sereno, sereno. Eu vi o rio. Via os olhos dele, produziam uma luz. - "Que é que a gente sente, quando se tem medo?" - ele indagou, mas não estava remoqueando; não pude ter raiva. - "Você nunca teve medo?" - foi o que me veio dizer. Ele respondeu: - "Costumo não..." - e, passado o tempo dum meu suspiro: - "Meu pai me disse que não se deve de ter..."<br /><br />(...)-"Você é valente, sempre?" - em hora eu perguntei. O menino estava molhando as mãos na água vermelha, esteve tempo pensando. Dando fim, sem me encarar, declarou assim: -"Sou diferente de todo mundo. Meu pai disse que eu careço de ser diferente, muito diferente..." E eu não tinha medo mais. Eu? O sério pontual é isto, o senhor escute, me escute mais do que eu estou dizendo; e escute desarmado. O sério é isto, da estória toda - por isso foi que a estória eu lhe contei -: eu não sentia nada. Só uma transformação, pesável. Muita coisa importante falta nome. </em>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-51084079827407055672012-03-31T07:56:00.002-07:002012-03-31T07:59:36.541-07:00Barra do Rio de Janeiro por Riobaldo<em>Se deu há tanto, faz tanto, imagine; eu devia de estar com uns quatorze anos, se. Tínhamos vindo para aqui – circunstância de cinco léguas – minha mãe e eu. No porto do Rio-de-Janeiro nosso, o senhor viu. Hoje, lá é o porto do seu Joãozinho, o negociante. Porto, lá como quem diz, porque outro nome não há. Assim sendo, verdade, que se chama, no sertão: é uma beira de barranco, com uma venda, uma casa, um curral e um paiol de depósito. Cereais. Tinha até um pé de roseira. Rosmes!...Depois o senhor vá, verá. Pois, naquela ocasião, já era quase do jeito. O de-Janeiro, dali abaixo meia-légua, entra no São Francisco, bem reto ele vai, formam uma esquadria. Quem carece, passa o de-Janeiro em canoa – ele é estreito, não estende de largura as trinta braças. Quem quer bandear a cômodo o São Francisco, também principia ali a viagem. O porto tem de ser naquele ponto, mais alto, onde não dá febre de maresia. A descida do barranco é indo por a-pique, melhoramento não se pode pôr, porque a cheia vem e tudo escavaca. O São Francisco represa o de-Janeiro, alto em grosso, às vezes já em suas primeiras águas de novembro. Dezembro dando, é certo. Todo o tempo, as canoas ficam esperando, com as correntes presas na raiz descoberta dum pau-d’óleo, que tem. Tinha também umas duas ou três gameleiras, de outrora, tanto recordo. Dá dó, ver as pessoas descerem na lama aquele barranco, carregando sacos pesados, muita vez. A vida aqui é muito repagada, o senhor concorde. Outro, meu tempo, então, o que é que não havia de ser?</em>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-65638049260788921102012-03-31T07:46:00.003-07:002012-03-31T07:53:26.670-07:00<em>Para trocar de bacia o senhor sobe, por ladeiras de beira- de-mesa, entra de bruto na chapada, chapadão que não se devolve mais. (...)... aquelas chapadas compridas, cheias de mutucas ferroando a gente. Mutucas! Dá o sol, de onda forte, dá que dá, a luz tanta machuca. (...) De noite, se é de ser, o céu embola um brilho. Cabeça da gente quase esbarra nelas<em></em></em><br /><br />Cheguei no Nem cansada. Com as pernas feridas e ainda do interesse de mosquitos de todo o tipo. João Lúcio, um dos pescadores que estava acampado no rancho me deu cachaça para passar nas pernas. Disse que afastaria os bichos e melhoraria o desconforto. Dito e feito.Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-56185941994133024352012-03-26T21:22:00.004-07:002012-03-26T21:32:34.149-07:00Imagens - Fazenda Cambaúba e Barra do rio de Janeiro<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHjLa7CsNAxkZiI98BH-26kdPSBcllmk_0Qy_w-axbWvIxRXvcON3JInel47Wjirjl376XHCn4V_eZ4Zo-my_nxPzaAOR_H-KJ9ck5itlE2d0PksoPouflUVWEKo8ajMQ3w0f0TBmGoS_x/s1600/8+dia+Barra+do+RJ+5.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHjLa7CsNAxkZiI98BH-26kdPSBcllmk_0Qy_w-axbWvIxRXvcON3JInel47Wjirjl376XHCn4V_eZ4Zo-my_nxPzaAOR_H-KJ9ck5itlE2d0PksoPouflUVWEKo8ajMQ3w0f0TBmGoS_x/s320/8+dia+Barra+do+RJ+5.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724429887663462722" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWJI7kcixHZ7YvnxZMNs0FFaY3N8emELy70oKqxKE9LeY1o8Lc2IvSGQ46RvLKOBxiwBI8mKnp8H8N8SLj4AV5XKIjPRc0SP7So1GiC_LpBnklHhNB0g2k74ACvGwutrF6KSpDbh5jbspW/s1600/8+dia+Barra+do+RJ+3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWJI7kcixHZ7YvnxZMNs0FFaY3N8emELy70oKqxKE9LeY1o8Lc2IvSGQ46RvLKOBxiwBI8mKnp8H8N8SLj4AV5XKIjPRc0SP7So1GiC_LpBnklHhNB0g2k74ACvGwutrF6KSpDbh5jbspW/s320/8+dia+Barra+do+RJ+3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724429886052622354" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWgaOeRLLEGTo5HoOfCpGGT7sUovb2zvLsuAJaMP5LcQoiqKdDFKlUHMe0xgZj7o11FWmPyUlWumoH_DYei255zTHhkJCUTxkgFFVZtB3HK-_BO617-Bds4IvsRmdb83XQkxQKSpty5_ML/s1600/025.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWgaOeRLLEGTo5HoOfCpGGT7sUovb2zvLsuAJaMP5LcQoiqKdDFKlUHMe0xgZj7o11FWmPyUlWumoH_DYei255zTHhkJCUTxkgFFVZtB3HK-_BO617-Bds4IvsRmdb83XQkxQKSpty5_ML/s320/025.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724429874092912130" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4ecEM2NtdHSdyn5Ij7zBUXv3wEMIrmPgY5qY0lEvmjNaqVOGTtCRHqY5Ne03jY4BX-V1uRsXRbJM7ZzoPeUipVUR4JN2EifXEF8J45upy_PkoO2hapAazFV9lKWRP73Q6rlHY3jksoY9d/s1600/032.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4ecEM2NtdHSdyn5Ij7zBUXv3wEMIrmPgY5qY0lEvmjNaqVOGTtCRHqY5Ne03jY4BX-V1uRsXRbJM7ZzoPeUipVUR4JN2EifXEF8J45upy_PkoO2hapAazFV9lKWRP73Q6rlHY3jksoY9d/s320/032.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724428753812029634" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW4wNB5S2dZ774IiKhyphenhyphenABCg9aNcuKC0eZX3ekj443vCA2qcgY-WotHkgx-kXNKxPYWgl6vIDgzLq7unsOPjjI_L0Qg-ro2XQCdLDm2676-oSYmBTDN6Uo6LcWkNbbL6u1llRfEzGbkR1Je/s1600/029.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW4wNB5S2dZ774IiKhyphenhyphenABCg9aNcuKC0eZX3ekj443vCA2qcgY-WotHkgx-kXNKxPYWgl6vIDgzLq7unsOPjjI_L0Qg-ro2XQCdLDm2676-oSYmBTDN6Uo6LcWkNbbL6u1llRfEzGbkR1Je/s320/029.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724428747584413362" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9hebe_FbvJWCFArl9aISKMfHm71WRBLKbs-jwGUKVGhEMWRyfK6htDWWkER1xtdG10pVY6Ts-Kcx5J7cSnCH9QQCU1LouNcN2mdDw58nE6pTODSNxUNm9cysa_HCesLCAbR_OYyxMi8_8/s1600/027.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9hebe_FbvJWCFArl9aISKMfHm71WRBLKbs-jwGUKVGhEMWRyfK6htDWWkER1xtdG10pVY6Ts-Kcx5J7cSnCH9QQCU1LouNcN2mdDw58nE6pTODSNxUNm9cysa_HCesLCAbR_OYyxMi8_8/s320/027.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724428736910622402" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm_MYBTXtsygQ3zbTPlkRhlBfMfv9mDxmKYwzIzK24K_FTVXGmyLTJGaKOg_ItzQ_FahBLJYSymyJdF7owMaCX8QhcW4Y932HBvUFn6DElnZetKsw3eP3j9PckU6cJqGgehkZ5eCBkhNPh/s1600/233.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm_MYBTXtsygQ3zbTPlkRhlBfMfv9mDxmKYwzIzK24K_FTVXGmyLTJGaKOg_ItzQ_FahBLJYSymyJdF7owMaCX8QhcW4Y932HBvUFn6DElnZetKsw3eP3j9PckU6cJqGgehkZ5eCBkhNPh/s320/233.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724428729198014002" /></a>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-33130661099245261652012-03-26T21:03:00.003-07:002012-03-26T21:21:52.580-07:00A chegada na Barra do de-Janeiro<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh54B5sCoYGKF-qwzFRwDMv2O54nU2xdsD_oueU5W3qetu9zvqbwk-TG4FxuwPvhJjKVqXp3ZD0WNO18Dpb0Zz-F0eHTTqTEcg1N4Wnx9oeIlOKF_b3w0_lVOv8OlLWbmUi7TEcazFpUvJy/s1600/210.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh54B5sCoYGKF-qwzFRwDMv2O54nU2xdsD_oueU5W3qetu9zvqbwk-TG4FxuwPvhJjKVqXp3ZD0WNO18Dpb0Zz-F0eHTTqTEcg1N4Wnx9oeIlOKF_b3w0_lVOv8OlLWbmUi7TEcazFpUvJy/s320/210.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724426208652318434" /></a><br />Os últimos kilômetros até o de-Janeiro foram, basicamente, uma reta em declive; a poeira que subia e o vale do São Francisco derramado por todos os lados: o Baixio da “Sirga”. O cerrado cada vez mais largo, o céu plano e duramente ensolarado. A paisagem sertaneja. <br /><br />Não sei descrever a monumental imagem daquela região, onde, para mim, começava o verdadeiro sertão; fico nos sentimentos. É velho, o sertão é um ambiente velho, velho e grande; chama o olhar para o horizonte passado. Suas cores são roucas, voz decididamente grave. Sua pele, couro tocado pelo vento. A gente olha para o infinito, encontra uma natureza inabalável, paciente, certa de sua eternidade. Natureza só, que acontece, contudo, sem resguardo: a chuva você vê desde a nuvem, o sol em sua casa, a vegetação estática. O cerrado, em sua totalidade, é alegre resistência em silêncio. <br /><br />Logo o vasto universo do Baixio virou uma porteira após um mata-burro – assim que terminei de descer o chapadão. Poucos metros dali, via-se a casa velha da fazenda Cambaúba.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJhXDkQKyNh3-1oxJeHFkHegQYZwY4cO4xoqo8O2NVxXCV5fnbE0bcjlon-cqjtYdctH5KMLB7kXEwmuqPvh3DJMNYxKoxUDGr7-2NE57wptFCCYGJk1RZNg9927Guq653ws5PuqMKVgzy/s1600/228.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJhXDkQKyNh3-1oxJeHFkHegQYZwY4cO4xoqo8O2NVxXCV5fnbE0bcjlon-cqjtYdctH5KMLB7kXEwmuqPvh3DJMNYxKoxUDGr7-2NE57wptFCCYGJk1RZNg9927Guq653ws5PuqMKVgzy/s320/228.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724426238172973602" /></a><br /><br />Passei a porteira, presa com colchete, e segui em direção a casa. Encostei a bicicleta no pé de uma grande mangueira e chamei na porta. Uma senhora morena e magra me atendeu. Confirmou que ali era a Barra. – Não sei o que esperava exatamente, talvez ver o rio, mas, enfim, chegara ao meu destino. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_FIHAwLh2fwJ22Vwd-xJep9Yaifi1NYRrbOifwnSpFlpWN9ivw4_wCIGEPHO7X8Xzx5L3vqyxFel3gbYDeLtCyCNWjfiYJgF0G0JGB6QZNyTQ_470gQ4Ze8v0xB7w3fklu70SfUP7cCaB/s1600/212.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_FIHAwLh2fwJ22Vwd-xJep9Yaifi1NYRrbOifwnSpFlpWN9ivw4_wCIGEPHO7X8Xzx5L3vqyxFel3gbYDeLtCyCNWjfiYJgF0G0JGB6QZNyTQ_470gQ4Ze8v0xB7w3fklu70SfUP7cCaB/s320/212.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724426220646641954" /></a><br /><br />A senhora, Dona Vera, me convidou para entrar. Ficamos na sala alguns minutos, eu ela e o bebê, seu neto de pouco mais de um ano. Conversando, contei-lhe da viagem e ela me falou de atores e jornalistas que haviam passado por lá, todos interessados no Grande Sertão: Veredas. <br /><br />A fazenda de gado não lhe pertencia, ela e seu filho, Delvair, eram apenas os caseiros. A criança era de uma filha que morava em Três Marias. A casa, embora com aparência e dimensão de sede, era bastante rústica por dentro: não havia forro no telhado, as paredes estavam carcomidas por traças e rachaduras; o chão, de cimento-queimado vermelho; o fogão de lenha, que ainda queimava quando cheguei. Dona Vera se desculpava pela simplicidade do lugar, Delvair cosia rede no terreiro, sentado em um banco de madeira embaixo de outra mangueira.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj72NroefQOiJcgjqyJyg794d6MIov71BH0T4L9crwve6T8SDUWqogw0wsZ3gSIZfzfxezjS3i7b9jXaigZgy-ltD1R0vDVAaUqljwOxz2wbJuMnVtetqwP70Auhj-7wgvoV6V1Jq6yfavi/s1600/220.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj72NroefQOiJcgjqyJyg794d6MIov71BH0T4L9crwve6T8SDUWqogw0wsZ3gSIZfzfxezjS3i7b9jXaigZgy-ltD1R0vDVAaUqljwOxz2wbJuMnVtetqwP70Auhj-7wgvoV6V1Jq6yfavi/s320/220.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724426232218374498" /></a><br /><br />Explicaram-me o caminho para o racho do Nem. Até aquele momento não tinha entendido direito a geografia da Barra. Dona Vera mostrou uma estradinha no meio do pasto – assim que terminava a cerca do terreiro –, disse que o rancho distava aproximadamente uns quinhentos metros dali. Explicou-me que o Nem morava do outro lado do rio; que deveria chamar um canoeiro para me atravessar. Não entendi como faria isso: chamar um canoeiro? Como eu faria contato se eles estavam do outro lado? Além disso, não via o rio, sabia, por noção espacial, que o São Francisco estava do lado esquerdo da casa, mas e o de-Janeiro? <br /><br />Sem mais pensar, segui pela trilha do pasto. A área de capim era barrada por mata ciliar do lado esquerdo e a frente. Como caminhava no sentido do São Francisco, do meu lado direito havia mata, ouvi barulho de água e percebi então que havia um outro rio ali. Na dúvida, deixei a bicicleta no pasto e desci um pouco pelo mato para me certificar de que era mesmo água. Não podia ser o São Francisco visto que era estreito, mas como também não sabia se o velho Chico fazia curva naquele trecho ou se havia alguma ilha fluvial barrando parte de suas águas (o Rio Pardo, em minha cidade natal, tem várias ilhas) não tive certeza de que era mesmo o de-Janeiro. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNEiJhmyXgi3X6_R7MCJDy4Qf8qyhtaSNavCxMNu5Qf6YRR_mqxQoc8ixXaQMhMxCdvSqHHQvOUwK32FsKPwFnUcPdZXy-BsRrSKxpOkfC2XJSKY7kqPH7n5aDWgjzXI3K-NJPwxW96tQ/s1600/231.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNEiJhmyXgi3X6_R7MCJDy4Qf8qyhtaSNavCxMNu5Qf6YRR_mqxQoc8ixXaQMhMxCdvSqHHQvOUwK32FsKPwFnUcPdZXy-BsRrSKxpOkfC2XJSKY7kqPH7n5aDWgjzXI3K-NJPwxW96tQ/s320/231.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5724426248378272818" /></a><br /><br />Voltei e continuei na trilha, até que ela acabou e eu já não sabia para onde rumar. Olhava para os lados e não havia nenhum sinal de habitação, exceto a casa da Cambaúba e outras distantes uns três kilômetros no sentido sul. Decidi seguir pelo pasto em direção a essas casas. Caminhei, empurrando a bicicleta ainda uns duzentos metros, quando parei e reconheci que estava perdida. Resolvi voltar para colher melhores informações com Dona Vera. <br /><br />Eram quase duas horas da tarde, o sol castigava, minhas pernas estavam feridas pelas picadas dos mosquitos e pelo capim cortante do pasto. O cansaço, a dor e a fome começavam a agir. Deixei a bicicleta e voltei. Confusa, caminhei alguns metros e decidi que era melhor levar a bicicleta.<br /><br />No tempo do rural, cheguei novamente na casa da fazenda. Passei o terreiro, cumprimentei Delvair e expliquei o caso. Descubro que minha volta era necessária: havia esquecido o capacete em sua cozinha. Após novas explicações do caminho, Dona Vera conclui que é melhor me conduzir até a Barra. <br /><br />Durante o percurso, ela entende que não seria fácil encontrar a saída daquele pasto, visto que o capim estava muito alto e havia cobrido toda a trilha do gado. Chegamos a Barra e, finalmente, fez sentido o que ela quis dizer com chamar um canoeiro.<br /><br />A Barra do Rio de Janeiro era a foz deste – onde encontra o São Francisco. Não era uma desembocadura larga, e o rancho do Nem era imediatamente às margens da Barra. Assim, era possível se comunicar com quem estivesse do outro lado, sem ao menos ter de gritar alto. <br /><br />Para meu azar, não havia ninguém com canoa que pudesse me atravessar naquele momento. Havia de aguardar. Dona Vera partiu e eu ali fiquei a espera de qualquer pescador.<br /><br />Enquanto aguardava, dei falta do gravador de áudio que levava. Pensei que pudesse ter esquecido também em Dona Vera. Voltei novamente a casa da Cambaúba. Nada. O aparelho tinha se perdido nas minhas andanças pelo mato. Procurei incansável até decidir que era melhor me instalar e tentar encontrá-lo no dia seguinte. Eram quase quatro da tarde quando Adriano, um pescador da redondeza me atravessou para o o rancho do Nem. Desci o barranco, coloquei, com sua ajuda, a bicicleta na canoa e buscamos a outra margem.Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-78304143997324850142012-03-04T16:14:00.004-08:002012-03-04T16:39:13.589-08:00Pedras<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8pFU1u7d6E5VWmnix54Qp1iT4Bk5fsPQQSzlXIoj6JmHu1X-xKv0bTW_CvXORSy3BuniTxjdtZwp7yfO8QE7RE984yJinJzaBhEIWxZvO8aXfwQINn2QFLiMCFg0f4ABUUU_xbZ1idAr7/s1600/8+dia+Barra+do+RJ+casa+de+seu+Valdivino.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8pFU1u7d6E5VWmnix54Qp1iT4Bk5fsPQQSzlXIoj6JmHu1X-xKv0bTW_CvXORSy3BuniTxjdtZwp7yfO8QE7RE984yJinJzaBhEIWxZvO8aXfwQINn2QFLiMCFg0f4ABUUU_xbZ1idAr7/s320/8+dia+Barra+do+RJ+casa+de+seu+Valdivino.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5716201047913636626" /></a><br /><br />Poucos kilômetros antes de Barra do Rio de Janeiro há um vilarejo chamado Pedras. Está situado nos domínios da antiga fazenda Silga. Na dúvida se havia chegado ao meu destino, encostei a bicicleta e chamei na primeira casa do povoado. Um velho pequeno e branco me atendeu; chamava-se Valdivino. Sem qualquer desconfiança, me convidou para entrar e tomar um café. Aceitei. Eram quase meio-dia. <br /><br />A casa era muito simples – como todas no local –: tortas paredes de alvenaria e reboco improvisado. Entrei com a bicicleta pelos fundos, atravessamos o quintal e seguimos para a cozinha. Era um barraco separado do resto da casa; o chão era de terra batida e vigas de madeira seguravam o telhado sem forro. A parede lateral da casa – onde encostei a bicicleta – estava adornada com várias gaiolas de pássaros nativos: Seo Valdivino era “passarinheiro”. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5SQ3v6qEZnVEy_M0xTgnAVoiazOE8BIDvuGvgzuo7HFUR38I1elODZKr7OOBmNvVR2ByiELAgoOyHYIUB51lCo9Rj5TnYTpsmmKwMBKLTUOioQdzY0JZFuL_-n9xhKSUGjmHHnHGRd1Tp/s1600/202.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5SQ3v6qEZnVEy_M0xTgnAVoiazOE8BIDvuGvgzuo7HFUR38I1elODZKr7OOBmNvVR2ByiELAgoOyHYIUB51lCo9Rj5TnYTpsmmKwMBKLTUOioQdzY0JZFuL_-n9xhKSUGjmHHnHGRd1Tp/s320/202.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5716203250777001602" /></a><br /><br /><br />Depois de meio copo de café servido, Seo Valdivino explicou melhor o caminho para Barra do Rio de Janeiro – era só continuar na estrada, uma légua e meia mais (aproximadamente nove kilômetros); passaria pelo carvoeiro e a capelinha, até a Barra.<br /><br />No intuito de prolongar o encontro começou a falar de sua vida. Era viúvo, morava sozinho, e tinha uma neta que o visitava com frequência. Não gostava de cozinhar, por isso não tinha nada em casa. Falou que passava fome, mas por preguiça; confessou. Pediu desculpas por não ter nada para oferecer além do café, mas se eu quisesse, tinha um pouco de pipoca que a neta preparara no dia anterior. Aceitei – estava com fome. A pipoca estava fria e murcha, mas servia bem como acompanhamento do café. Entendi que sua comida era aquilo que a neta deixava pronto quando o visitava. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmKGK8FuJLTFRc2zCxSzYNEwduAfFrLQlBfnEnxGHhQhCtu85Gd-fK1S_pAdjHo5HRumlMvnjAo7-vVQrwlcTjc4IzCRS3bMwmaQqZMz8-UfIAvaW6sJdQaMQ3iST2dauRYoC-33H5nSiJ/s1600/203.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmKGK8FuJLTFRc2zCxSzYNEwduAfFrLQlBfnEnxGHhQhCtu85Gd-fK1S_pAdjHo5HRumlMvnjAo7-vVQrwlcTjc4IzCRS3bMwmaQqZMz8-UfIAvaW6sJdQaMQ3iST2dauRYoC-33H5nSiJ/s320/203.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5716203274130771218" /></a><br /><br />Antes que saísse, quis mostrar o resto da casa. No lado de cima do quintal havia um cachorro amarelo esquálido preso em uma corrente. Perguntei porque o animal estava tão magro. Seo Valdivino não sabia ao certo, disse que alimentava o bicho, mas que ele não comia. Disse que o cachorro era muito bom – forte e saudável – mas desde o dia em que caiu de uma camionete, mudou o comportamento. Curaram o bicho, mas ele ficou desse jeito “encorujado”. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTwTKf0mz6p8r8rmFsUYA0FOeQrhwKzIfWNokbPpeBdJ34UEG1rzzbR2LBGInaW7YU_HKnV0VZKjTvhacT7OEWXLuEXfmjTt4dphALdHGdvJVfONQdHquWwLuRQtRiOENGHDz156x5UrXx/s1600/205.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTwTKf0mz6p8r8rmFsUYA0FOeQrhwKzIfWNokbPpeBdJ34UEG1rzzbR2LBGInaW7YU_HKnV0VZKjTvhacT7OEWXLuEXfmjTt4dphALdHGdvJVfONQdHquWwLuRQtRiOENGHDz156x5UrXx/s320/205.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5716203257938450066" /></a><br /><br />Deixei Seo Valdivino e voltei para a estrada. Antes de sair, ainda tive de aceitar mais um gole de café – o único produto que, segundo ele, dava-se o trabalho de preparar (passava os dias a cigarro e café). <br /><br />Sai deixando aquele tempo parado atrás. <br /><br />Pedras: fotografias antigas.Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-86159080493121270412012-02-22T09:23:00.005-08:002012-02-22T09:41:13.251-08:00Como começou a realidade da fantasia - No caminho para Barra do Rio de Janeiro: Estrada da ConsciênciaO crec crec das rodas sobre o cascalho delatava o silêncio daquela manhã quente e ensolarada – silêncio desconhecido, marcando distância no tempo e no espaço. Eu ia.<br /><br />A Estrada da Consciência era cheia de “sobe- desces”, buracos e poeira. Minha primeira parada foi no terraço de um bar junto a uma mesa de bilhar – estava fechado, foi só o tempo para uma água. A segunda pausa se deu uma hora e meia depois quando, ao meu lado esquerdo, sobre um mata-burro vi a placa: Silga a 0km e Pontal a 4. Estranhei aquilo, mas resolvi passar – pensei se tratar de estrada para a sede da famigerada fazenda. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi954lnkqRnxwQMYk-tfD8U4ZOtIKahe-G1KtxqpVJe3jaxPJzx4xH14G-1TVZ4FP_ZlHIMJj7EqZRP4UXOf3BbKIEftAQCuQuMRC3Y9ppiYkQrcn80JGC0dSIjCXZb2etB-Ss-kGkNfvVN/s1600/190.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi954lnkqRnxwQMYk-tfD8U4ZOtIKahe-G1KtxqpVJe3jaxPJzx4xH14G-1TVZ4FP_ZlHIMJj7EqZRP4UXOf3BbKIEftAQCuQuMRC3Y9ppiYkQrcn80JGC0dSIjCXZb2etB-Ss-kGkNfvVN/s320/190.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712014845848258946" /></a><br /><br />Apesar dos kilômetros percorridos até ali, confesso que a paisagem do cerrado ainda não me era familiar. Tinha medo. Ao mesmo tempo que aquele mundo me atraía como canto de sereia, meu coração nunca estava a salvo no peito: transitava entre a garganta e o estômago. Meu olhar, enquanto pedalava, estava sempre à espreita. O trecho que imaginava dar na Silga era estreito, arenoso e coberto por uma vegetação áspera e baixa; nelores, como fantasmas, surgiam entre os arbustos, havia pequenos veios de água escorrendo pelas pedras, brejinhos e ninguém. Mantinha a respiração profunda e lenta, certa de que encontraria algum sinal humano a frente. Cheguei, então, a uma encruzilhada que indicava Pontal a 2km: conclui que Silga não era ali. Fui até o vilarejo.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwtyelh5gE_iPjXpnBXA2MpvvDbJ67tt3nw-ErImmLI-ghbG2JYAQfS-38liCa6Xzyhs4OAOg47_aOW00y6Via44uG7JSBgh0pkzu1eVaKA9RviIF6GQCnemV_Ti2Ms2g-gh3cCW_6djN7/s1600/192.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwtyelh5gE_iPjXpnBXA2MpvvDbJ67tt3nw-ErImmLI-ghbG2JYAQfS-38liCa6Xzyhs4OAOg47_aOW00y6Via44uG7JSBgh0pkzu1eVaKA9RviIF6GQCnemV_Ti2Ms2g-gh3cCW_6djN7/s320/192.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712014865757833410" /></a><br /><br />Em Pontal não havia mais do que umas quatro casas localizadas às margens do São Francisco (evidente que o local é mais povoado, pois existem muitos ranchos ao longo da margem do rio, mas concentrado em Pontal são poucas famílias); desmontei da bicicleta e toquei na primeira casa que avistara. Uma mulher um pouco desconfiada me atendeu: “– Sim, aqui é Pontal. Para a “Sirga”, você tem que voltar para a “estrada real”, pegar a esquerda e seguir toda a vida”. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTLIC9zXgxRWzBqGu0xsOyeVqpruHftvhFSQ-gmTQyf-17nXSvo7wHRhOYqGRzaYwpn1GABqUbhswmZMU6GxF3I-i3tCQy3Encc8gX2W3dmMBuw5y79ynYd933ErWczcppdHwcee32PVdQ/s1600/193.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTLIC9zXgxRWzBqGu0xsOyeVqpruHftvhFSQ-gmTQyf-17nXSvo7wHRhOYqGRzaYwpn1GABqUbhswmZMU6GxF3I-i3tCQy3Encc8gX2W3dmMBuw5y79ynYd933ErWczcppdHwcee32PVdQ/s320/193.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712014879599524450" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAExboTWcOUNvQUvU7kWnFMSAWmoWfv97kLxW4iF5aQhagFQ3xHYbxGHGwkPYaXfeorFfNNbsq4TKnZs8gVyHIOSMfYiVEEsqZWvfyVhc1uB3RmqAXoOxM8MFE4gm0-ZaJOJGIXqEjZzbQ/s1600/194.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAExboTWcOUNvQUvU7kWnFMSAWmoWfv97kLxW4iF5aQhagFQ3xHYbxGHGwkPYaXfeorFfNNbsq4TKnZs8gVyHIOSMfYiVEEsqZWvfyVhc1uB3RmqAXoOxM8MFE4gm0-ZaJOJGIXqEjZzbQ/s320/194.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712014885765507042" /></a><br /><br />Quatro kilômetros de volta e uma observação mais apurada: eram 10km para a Silga, o número um da placa estava apagado. Não passava das dez horas e o sol já estava a pino. Parei uma vez mais, agora para reforçar o protetor solar. Os olhos ardiam, os dorsos das mãos já estavam pretos como os de uma trabalhadora rural. Pensei: vou acabar esta viagem cheia de pés-de-galinha, com a cara dez anos mais velha. Não bastasse o sol, fui atacada neste momento por uma nuvem de borrachudos que buscavam meu sangue como tubarões. Havia parado em uma subida – procurava a proteção da única sombra de árvore local -, assim que comecei a sentir as picadas, tratei de pedalar, mas não adiantava pois não alcançava velocidade suficiente para me livrar dos insetos. Cheguei no topo do pequeno morro com as pernas decoradas de bolas vermelhas que terminavam na marca dos shorts. <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvCBjJhGPK_IEqaRRMixu76VVGDWy8Ndpnp7-HT7lTanQPEy80Ve0eYcllVPSxsw4cZYGgZIvM0AsqYydWTs4Nmh3UanJ2hWLx3pRLgro5ZHia8Z0F-QOmLvwitWFhIFoycOFvm7ija9Tc/s1600/196.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvCBjJhGPK_IEqaRRMixu76VVGDWy8Ndpnp7-HT7lTanQPEy80Ve0eYcllVPSxsw4cZYGgZIvM0AsqYydWTs4Nmh3UanJ2hWLx3pRLgro5ZHia8Z0F-QOmLvwitWFhIFoycOFvm7ija9Tc/s320/196.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712014903842560482" /></a><br /><br /><br />Faltava ainda vencer um “areião” para chegar até Silga: sempre em frente sob sol em pseudo-deserto, segui.Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-41732726288933054452012-02-16T05:08:00.001-08:002012-02-16T05:13:27.855-08:00EntradaComo de costume, sai antes de oito da manhã – era minha oitava partida. André me guiou de moto até o começo da estrada para Barra do Rio de Janeiro: aconselhou para eu tomar cuidado e dar notícias quando fosse possível. Não foi uma despedida feliz, sentia como se tivesse deixando um irmão, tive vontade de abraçá-lo e ficar um pouco mais, entretanto a intimidade era pouca para expressar a emoção. Ele ainda completou, com um olhar cheio de ternura: “doidinha demais!”<br /><br />Na noite anterior, André ajudara a lavar bike (tomou o esguicho da minha mão dizendo que eu não sabia fazer o serviço e começou a mandar água na bicicleta, enquanto eu lhe garantia que já estava bom) e a azeitar a corrente com óleo. Parecia feliz com a situação: relembrava-lhe os “velhos tempos” de “ciclista”. Obviamente, após a lavagem, quis experimentar a bichinha: subiu o quarteirão, desceu, voltou empinando, deu saltitos; e eu, um pouco aflita, desejando a integridade da bicicleta, observava fingindo achar ótima sua performance. Terminada a brincadeira – e o banho que o Jimmy, inevitavelmente, acabou insistindo em levar – saí para comprar creme hidratante e telefonar.<br /><br />Após um banho quente – e muito creme para resistir à secura do outono – cuidei de preparar minha cama no quarto em que estavam as tralhas: naquela noite André provavelmente dormiria em casa. Como não havia colchão extra, saquei meu isolante térmico e meu saco de dormir. Disse a Seo Geraldo que não precisava se preocupar que tinha todos os apetrechos necessários para a ocasião. <br /><br />Ao chegar, André impediu-me de dormir sobre meu prático equipamento de camping. Tirando roupas de cama do armário, começou a forrar o tapete da sala com vários edredons. Disse-lhe para não se incomodar, mas quem havia de convencê-lo que não precisava fornecer-me o máximo de conforto que pudesse? Observáva-o no preparo do espaço enquanto fingia ralhar comigo: “ –Falei que era para se virar e pegar as coisas no meu quarto. Não vou ficar te adulando, não, viu?! (...) Vê se tem cabimento dormir naquele chão duro? Já vi que tenho que ficar te adulando mesmo, né? (...) Doidinha demais!”<br /><br />Sem poder de decisão, dormi na sala; no macio de um monte de mantas. No quarto, que era em frente a sala separado apenas por uma canga como cortina; André, a namorada e o cachorro Jimmy, dividiam a cama. Custei a pegar no sono, participando, como ouvinte, das traquitanas que André armava com o cachorro para irritar a namorada. <br /><br />Pela manhã, após o café, André me conduziu até a Estrada da Consciência. Iniciei a pedalada tal qual Alice ao penetrar no novo mundo: era o verdadeiro sertão que se descortinava, abrindo suas portas com o nome mais adequado: consciência.Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-27267101064708428442012-02-09T09:14:00.000-08:002012-02-09T09:15:43.265-08:00<em>Vou lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei. Um grande sertão! Não sei. Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas – e só essas poucas veredas, veredazinhas</em>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2897141999762427093.post-16424160123335481662012-02-09T08:50:00.000-08:002012-02-13T10:53:52.434-08:00E o sertão se expande<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtqun8KhLHNzLEcDlouhgJKNOrmka1Hbp6JXJfB45vGZxjfTRUNZxDZrBL95R7VG6zaIuzZtl05N2Ky1FEtxScQhGff5PrbRKgcFNtF7JKbDlya9UcH-kWhIQfyZ64_6gCy8OZdae7z-XO/s1600/7+dia+Andrequic%25C3%25A9.+D.+Maria%252C+filha+mais+velha+de+Manuelz%25C3%25A3o.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5707181366120246610" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtqun8KhLHNzLEcDlouhgJKNOrmka1Hbp6JXJfB45vGZxjfTRUNZxDZrBL95R7VG6zaIuzZtl05N2Ky1FEtxScQhGff5PrbRKgcFNtF7JKbDlya9UcH-kWhIQfyZ64_6gCy8OZdae7z-XO/s320/7+dia+Andrequic%25C3%25A9.+D.+Maria%252C+filha+mais+velha+de+Manuelz%25C3%25A3o.jpg" /></a><span style="font-size:78%;"> D. Maria (filha de Manuelzão)<br /></span></div><br /><br /><div align="center"></div><br /><br /><div align="center">Coincidência ou sorte, no dia de minha visita comemorava-se a Nona Semana Nacional de Museus (evento instituído pelo IBRAM para comemorar o Dia Internacional dos Museus, 18 de maio) com uma visita agendada para senhoras da cidade de Três Marias que, entre outras atividades, ouviriam a palestra da filha de Manuelzão a falar do artesanato local e das histórias do pai – no ano de 2011, o tema da Semana era Museu e Memória. Junto com o grupo veio o jornalista Pedro Fonseca (que assina o editorial municipal Maunelzão, de publicação semanal) para noticiar. Informado de minha presença em Andrequicé, o jornalista resolveu averiguar que história de viagem era aquela: – de bicicleta pelo “sertão veredas?”<br /><br />Após o almoço – no bar duas quadras acima do museu –, retornei para encontrar o jornalista. Do lado de fora, sentamos, eu no chão e ele num banquinho improvisado; com uma caderneta na mão, fazia perguntas e anotava minha fala. Constatando que viajava “por rumo”, sem saber direito que sertão buscava, Pedro me deu informações valiosas que me fizeram mudar o curso do projeto: desviaria do São Francisco alguns kilômetros para conhecer Paredão de Minas, o local da batalha final entre Hermógenes e Diadorim.<br /><br />Como comentei em outros posts, não sabia que Guimarães Rosa situava suas histórias em pontos geográficos reais, cria ser tudo fruto de sua imaginação: um sertão imaginado sobre o próprio sertão. A existência dos lugares, sobretudo, tornou a viagem ainda mais necessária: o sonho em que buscava mergulhar era possível; “estava tudo ali para se confirmar”.<br /><br />Pedro perguntou se havia passado na fazenda Santa Catarina, no caminho para Três Marias, e visto a vereda São José: a mais linda, segundo Guimarães Rosa. Infelizmente tinha errado o caminho e não cheguei a conhecer, disse-lhe um tanto vexada de minha incompetência – e ignorância por não saber que a fazenda Santa Catarina demarca, no livro, o lugar onde Riobaldo conhecera Otacília, sua esposa. Ficava claro que não havia me preparado para conhecer realmente os caminhos da citada obra literária.<br /><br />Após a entrevista, seguimos para o fundo do museu, um quintal. Lá aconteceria a palestra de D. Maria. Enquanto esperávamos, Pedro fazia algumas fotos comigo. O neto de Manuelzão, Douglas, um garotinho de uns oito anos, me enchia de perguntas sobre a bicicleta e o capacete; queria saber como tudo funcionava. Curioso sobre o sistema de câmbio, pedia para que eu passasse as marchas para ver seu movimento; certa altura, suspendi a bike para que ele mesmo pudesse brincar com os botões e trocar as marchas.<br /><br />Não me demorei a ponto de assistir a palestra, que já estava atrasada. Desejava chegar em Três Marias a tempo de lavar a bicicleta. Também era melhor dormir cedo, para garantir a energia da próxima etapa. </div>Ana Luísa Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/11055920000749844354noreply@blogger.com0